Ontem à noite,
depois de reparar a maneta da embraiagem da “Cross Tourer”, perguntei no
concessionário qual era o melhor Hotel local e como a cidade já tinha uma certa
dimensão o Hotel era bom. O desastre do dia anterior não estragou mas moeu e
estava precisado de um bom duche e uma cama limpa e confortável. Como tinham
internet, embora muito lenta, acabei por me deitar tarde e hoje acordei só às
dez e meia. Saí duas horas depois em direção a Calcutá mas sabia que não faria
mais de 300 Km, devido ao estado das estradas.
A estrada ao
longo do dia foi quase toda de mau piso mas pelo meio ainda apanhei uns 50 Km
de auto estrada, se é que se lhes pode chamar isso a estas vias com separador
central mas onde circulam não só motos ,carros e camiões como peões,
“rickshaws” a motor e a pedal, bicicletas, tratores agrícolas, carroças e todo
o tipo mais de veículos que possamos imaginar. É suposto andarem todos no mesmo
sentido mas alguns andam no sentido inverso com o à vontade de quem roda na sua
faixa. Para além disso temos vendedores de fruta na berma, crianças que voltam
da escolar de bicicleta e vacas a pastar no separador central ou simplesmente
deitadas a descansar na via. Com tudo isto têm portagens, embora as motos
estejam isentas.
Pelas quatro da
tarde parei junto a um vendedor de fruta para almoçar três bananas e, como de
costume, rapidamente se reuniu uma multidão de volta da moto.
Pretendia chegar
a meio do caminho de Calcutá para amanhã ir até lá mas, com pouco mais de 200
Km percorridos começou a anoitecer. Perguntei numa vila se havia algum Hotel
mas aconselharam-me vivamente a não ficar lá e que fosse antes até English
Bazar, uma cidade já com uma certa dimensão mas a 80 Km de distancia. Fiz-me à
estrada mas arrependi-me. Circular à noite na Índia é uma loucura ainda maior
do que a nossa mente possa imaginar. O problema é que continuam todos na estrada,
com os camiões a virem de frente direitos a nós, que temos que sair para a
berma, porque não querem desperdiçar aquela oportunidade de ultrapassagem, todo
o tipo de veículo em sentido contrário e…. muitos deles sem luzes. Atrás então
é muito raro o camião que as tem a funcionar. Pelas sete e meia da noite lá
cheguei a English Bazar onde encontrei um Hotel minimamente decente mas sem
Internet, como de costume.
Ainda em relação
ao desastre de ontem eu estava consciente, quando me meti nesta aventura, que
haveria de ir uma ou outra vez ao “tapete”. É muito pouco provável isso não
acontecer numa viagem destas e estou certo que este acidente não foi o ultimo.
Espero é que as consequências não sejam mais que estas.
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