A Australia, sendo um dos países mais ricos do mundo, não tem praticamente
autoestradas. São quase tudo estradas nacionais, bem alcatroadas, mas só com uma
faixa em cada sentido. A exceção é a entrada e saída das grandes cidades onde
há autoestradas com umas dezenas de quilómetros ou, mais provavelmente, uma via
rápida com duas faixas em cada sentido e separador central mas que, por vezes,
atravessa vilas e tem vários locais para se fazer inversão de marcha. No fundo
percebe-se a solução adoptada porque não lhes faz muita falta autoestradas por
haver relativamente pouco transito, quando comparado com a Europa ou Ásia. A
única vez que apanhei um engarrafamento foi numa destas autoestradas, à entrada
de Brisbane. Tinha havido um desastre e formou-se uma fila de uns bons 15 Km,
parada. Comecei a passar pela berma alcatroada e via várias motos na fila atrás
de carros até que um deles veio atrás de mim e, às tantas, já éramos quatro. No
fim fizeram-me sinal a aprovar a solução “portuguesa”.
Como eles normalmente não têm filas ficam sossegados atrás dos carros.
Decidi não parar em Brisbane porque já lá tinha estado dois dias quando fui
às Ilhas Fiji e desci mais um pouco até Surfers Paradise.
O casal meu amigo das “Chopper” tinha-me dito que o melhor era nem parar
naquela zona que era “horrível, só prédios”.
Quando lá cheguei percebi a ideia deles mas ainda bem que lá fiquei. O
local é mágico. Realmente tem prédios porque tem mais gente e movimento que as
outras regiões de praia mas a natureza é fantástica, com praias fabulosas,
ondas ideais para surf e muitas árvores nas ruas, muitas delas do tipo dos pinheiros
escandinavos, canteiros bem arranjados e tudo com bom aspecto e limpo.
Instalei-me num Parque de Campismo a condizer, onde me cobraram o equivalente
a 35 euros para poder montar a “barraca”.
Acordei, às seis e meia da manhã, debaixo de chuva de maneira que fiquei a
ler na tenda por mais uma hora. Ás sete
e meia fui ao escritório cravar mais um pin de internet e instalei-me na
“camp kitchen”. Tomei o pequeno almoço, um duche e saí por volta das dez, a
minha hora habitual.
Fui percorrendo a costa, calmamente, a tirar fotografias aqui e ali. O
tempo estava cinzento mas surfistas não faltavam pelas praias, com os mais
batidos a instalarem-se junto a zonas com rochas, onde as ondas eram melhores.
Encontrei uma miúda gira na rua, acabada de sair de dentro de água com ar
triste porque tinha acabado de partir a parte de trás da prancha contra uma
rocha. Pedi-lhe para tirar uma fotografia junto à moto. Era francesa mas falava
português porque tinha estado a viver em Portugal com os pais durante três
anos, pois o pai é oficial da Nato. Tinha comprado uma carrinha velha e estava
há três meses a passear pela Australia.
-
“Agora vou ter que trabalhar porque estou a ficar sem
dinheiro”.
Fui andando costa abaixo até parar numa pequena vila, Evans Head, com um
parque de Campismo fantástico, junto a um rio. Instalei-me por lá, com vista
sobre o rio.
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