Arranquei de Camooweal pelas dez da manhã, depois de comprar a habitual
garrafa de água matinal no supermercado junto ao parque de campismo. O transito
aumentou um pouco aqui em Queensland. Continua a ser muito escasso mas a cada
cem quilómetros já me cruzo com meia dúzia de carros e três ou quatro “road
trains”, estes camiões gigantes. Desde que saí de Darwin ainda não vi uma única
moto. Talvez devido às altas temperaturas, que nesta altura do ano rondam os
40º, as pessoas preferem deslocar-se de carro com ar condicionado.
Pelo caminho passei por uma cidade maior, Mount Isa e estava à espera que o
transito aumentasse significativamente a partir daí mas, muito pouco. Também
não se vêm autocarros e comboios só de mercadorias. Penso que as pessoas que
vivem nestas vilas maiores saem pouco para fora.
Parei para almoçar e comi um bife horrível. Acho que ainda não tive uma
refeição decente desde que estou na Australia. Mesmo em Sydney é difícil.
Depois do almoço o termómetro da moto marcava 44º, um record nesta viagem.
Depois de deixar os parques tenho percorrido cerca de 500 Km por dia
através deste quase deserto em rumo à costa.
Neste dia fui até Julia Creek, mais uma pequena vila perdida no meio do
nada. Os parques de campismo não costumam ter ligação à internet e desta vez
safei-me, primeiro no centro de Informações, sem movimento aparente, e depois
na Biblioteca local.
De Julia Creek até Richmond são cerca de 130 Km de duas ou três retas
traçadas através de uma planície de erva seca muito rasteira, a perder de
vista. Nesta pouco mais de centena de quilómetros passei por centenas de
cadáveres de cangurus atropelados, em diversos estados de decomposição, alguns
que terão morrido nas ultimas 24 horas. Ninguém os recolhe e acabam por ser
devorados por aves de rapina, cobras e outros animais. O incrível é que não vi
nenhum canguru a atravessar a estrada ou sequer vivo na beira da estrada.
Calculo que estes atropelamentos se devem dar ao final da tarde e à noite,
quando está um pouco menos de calor e eles sairão a procurar alimento.
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