No dia seguinte continuei o meu trajecto para Norte. Apanhei uma das
estradas principais que atravessam o país de Norte a Sul. A maioria do trajecto
tem só uma faixa em cada sentido com traços contínuos que parecem ter sido
colocados à sorte e que ninguém cumpre. Por vezes, pequenos troços com
separador central e duas faixas para cada lado que não têm mais de três ou
quarto quilómetros. Em todo o caso há várias portagens pelo caminho mas onde as
motos têm reservada uma passagem estreita, do lado direito, em que não pagam.
Parei para almoçar numa barraca de berma de estrada, que não tinha gás ou
electricidade e pedi até para tirar uma fotografia à simpática dona da casa, de
enorme colher de pau na mão, na cozinha junto às panelas que aqueciam por cima
de lenha a arder. Pelas três e meia da tarde cheguei à vila de Curomani e,
cansado, decidi por ali ficar. Aproveitei ser cedo para procurar um sítio onde
me pudessem sacar um parafuso que se tinha partido há tempo no quadro e
segurava o suporte da bomba de travão traseira
e da mala esquerda. Dois rapazes com um telheiro de madeira à borda da estrada
onde faziam desde bate chapa a reparação de furos de camiões, trataram do
problema eficazmente e conseguiram mesmo um parafuso novo numa loja da aldeia.
Na manhã seguinte continuei a rodar para Norte sempre através de estradas abertas no meio da vegetação.
Tinha previsto seguir mais junto à fronteira com a Venezuela mas os rapazes
que me repararam a moto desaconselharam vivamente esse trajecto em que as
estradas eram más e havia muita bandidagem.
Fui assim direito a Santa Marta, que me tinham dito ser fantástico mas foi
uma desilusão. A cidade portuária é suja e construída sem planos nem qualidade.
Fui até uma praia que me indicaram através de uma estrada de terra esburacada
de uns dez quilómetros. Num portão, um quilómetro antes de chegar, pediram-me
10.000 Pesos (cerca de três euros) para passar. A natureza era linda mas na
praia tinham colocado uns panos manhosos sobre estacas a fazerem de toldos onde
os locais estavam em cadeiras de plástico. Os bares também eram no mesmo estilo
e até as arcas onde tinham as bebidas estavam podres. Ainda pensei em ficar por
ali a acampar mas felizmente tinha que ir longe ao longo da praia para chegar
ao parque e desisti. Bebi uma cerveja numa das barracas e voltei a Santa Marta. Percorri depois uns 20 Km ao longo da costa
até encontrar um Hotel junto à praia mas também mal tratado onde apenas se
salvava a piscina, com pequenas ilhas de palmeiras. Pedi uma sopa de peixe para
jantar mas eram só espinhas e acabaram por me trazer um caldo de carne como
alternativa. Ao pequeno almoço não tinham pão e fiquei-me por uns ovos mexidos
e um Ice tea. De um modo geral tenho comido mal na Colômbia mas as pessoas são
muito simpáticas e a paisagem fantástica, com muito verde e rios com caudais
impressionantes.
Continuei junto à Costa Caribenha a caminho de Cartagena. Barranquilla é
outra cidade feia e suja. À saída, numa zona de praia onde poderiam estar
Hoteis e Restaurantes, existe uma enorme zona de barracas com lagoas de água
estagnada e poluída do lado esquerdo. Atravessamos um istmo que nos leva até
perto de Cartagena com mais duas ou três portagens pelo caminho. Calculo que
sejam baratas porque há às centenas espalhadas pelo país em tudo o que é
estrada dita nacional.
Xico, continuação de boa viagem e aventuras.
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