A caminho de Cartagena decidi procurar um bar de praia onde almoçar. Deixei
a estrada principal uma primeira vez mas fui parar a uma aldeia com mau aspecto.
Um minimercado tinha uma mesa com cadeiras cá fora e bebi ali uma água e comi
uma banana. O dono recomendou-me uma praia mais à frente supostamente com bons
restaurantes junto ao mar. Quando lá cheguei um rapaz dos seus vinte e poucos anos veio a correr ter comigo para me
indicar um dos restaurantes de praia. Recusei a ajuda mas ele insistiu e foi
numa moto à minha frente com um amigo. Chegámos a uma praia com dois ou três
restaurantes improvisados, com barracas de madeira e mesas e cadeiras de
plástico no areal, com rudimentares toldos por cima. Sentei-me numa junto ao
mar e ele trouxe-me uma travessa com vários peixes frescos para escolher.
Perguntei o preço de uma posta de um deles e lá o levou para o cozinharem na
brasa. Passado um quarto de hora chegou o peixe esturricado com arroz morno e
“patacones”, banana frita que aqui servem com todos os pratos. Estava péssimo
mas lá comi o peixe e parte do arroz e “patacones”, ajudado por uma cerveja. O
que se salvou foi a situação, no meio de uma praia quase deserta.
Segui em direção a Cartagena. Quando se chega temos uma desilusão porque
só vemos prédios altos junto ao mar mas,
ao entrarmos na cidade antiga, dentro da muralha, é outro mundo. As casas e
palácios da época dos espanhóis estão bem arranjados e pintados, praças com jardins
bem tratados, restaurantes e lojas com bom aspecto. É fantástica esta cidade
velha de Cartagena. O ambiente é muito cosmopolita com turistas e animação de
rua. À noite há dança e música um pouco por toda a cidade, por vezes até a um
ritmo exagerado. Fiquei por aqui dois dias.
Esta cidade dentro das muralhas foi a antiga capital, com uma localização
que parecia até fazer mais sentido, por estar junto ao Atlântico, mas os
espanhóis decidiram mudá-la para Bogotá porque muita gente estava a morrer com
doenças provocadas por picadas de mosquitos e, como estes não resistem à
altitude e Bogotá fica a cerca de três mil metros, foi essa a solução
encontrada.
Valeu a pena fazer estes 2000 Km de ida a e volta a Cartagena não só pelo
trajetco em si, que também me permitiu conhecer melhor a Colômbia profunda, mas
por ficar a conhecer esta Cartagena das Índias, a velha cidade dentro das
muralhas.
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