Monterrey é uma cidade industrial sem graça nenhuma. Um entranhado de
viadutos com muito movimento e construções feias. Acabei por lá ficar duas
noites porque os filhos de uma amiga que lá vivem me convidaram para almoçar e
o dono de um restaurante português para jantar. Durante o jantar, no Sabores de
Portugal, veio um Mexicano cantar, amigo do dono, com timbre de cantor de
ópera. Teve graça.
No dia seguinte parti a caminho da Cidade do Mexico. São cerca de 900 Km
que fiz em dois dias. A estrada começa por subir uma montanha e depois é grande
parte ao longo de um enorme planalto. Parei na cidade de Matehuala onde
encontrei um simpático Hotel com bungalows no jardim e um bom restaurante, para
variar das terríveis refeições nos Estados Unidos.
Até ali tinha apanhado pouco movimento mas a uns 400 Km da Cidade do México
uma primeira fila de camions bloqueava a
auto estrada. Fui passando pela berma mas, passados uns três ou quatro
quilómetros, ao ver que a fila era interminável, decidi ligar a Gopro para
filmar. Fui pela berma, a uma média de uns 50 Km/h a passar centenas de camiões
até à causa da fila que eram, simplesmente, obras de repavimentação a ocuparem
uma das faixas. Verifiquei depois que o filme tinha 14 minutos, o que dá ideia
da dimensão do engarrafamento, na grande maioria composto por camiões.
O Mexico é um país com bastante industria e um dos maiores produtores
mundiais de petróleo, sendo o principal cliente deles os Estados Unidos. Daí
este enorme movimento de camiões na principal estrada que liga a capital ao seu
grande comprador.
Depois deste ainda apanhei mais dois engarrafamentos de camiões na auto
estrada, um deles provocado por meia dúzia de camiões gigantescos que
transportavam tubos descumunais para a refinaria estatal e que, pelas suas
dimensões, bloqueavam um dos sentidos da auto estrada, tendo a policia que
encaminhar todo o transito pelo outro.
A Cidade do México é muito mais evoluída do que estava à espera. Com os
seus nove milhões de habitantes, sem contar com os arredores, tem um transito
muito intenso mas o nível de vida é bastante elevado e, no centro, nas noites
de fim de semana, excelentes restaurantes estão cheios de movimento enquanto
nas ruas vemos Porsches e Bentley’s a circularem. Não representa o país
profundo onde mais de 40% da população vive na pobreza. Entrei num stand da
Tesla, onde tinham os últimos modelos em exposição e bem informadas vendedoras.
Os espaços verdes existentes não estão muito bem arranjados mas têm muitos e interessantes
Museus como o de Antropologia, que conta a história das várias civilizações que
povoaram a região antes da chegada dos espanhóis, em 1519.
Fiquei bem instalado em casa do Embaixador Português, que tinha conhecido
quando da minha passagem pela Índia, há uns anos atrás.
Depois das enormes filas de camiões ao longo do dia cheguei à Cidade do México
já de noite. No dia seguinte fui tratar de substituir o amortecedor traseiro da
Cross Tourer, que tinha sido para aqui enviado desde Portugal, pois os
rolamentos de apoio do original não tinham resistido aos maus tratos nas
estradas da Índia e Myanmar com a moto muito carregada. Não havia nenhuma
oficina de motos por perto onde pudesse trabalhar de maneira que encontrei uma
de bicicletas onde, ao longo de várias horas, pude fazer a complicada operação
junto ao passeio, com o empréstimo de ferramenta do simpático homem da
minúscula oficina que, estando situada num dos melhores bairros da cidade,
tinha a todo o tempo senhoras bem arranjadas a chegarem nos seus SUV’s, por
vezes com choferes, para trazerem ou recolherem bicicletas dos filhos.
No dia seguinte decidi visitar o famoso Museu de Antropologia. Era Domingo
e uma das faixas da enorme Avenida Reforma é fechada ao transito para só
permitir a circulação de bicicletas e patins, de maneira que só consegui
estacionar a moto longe e acabei por levantar uma bicicleta de empréstimo da
Câmara para me deslocar até ao museu. É interessantíssimo. Mostra-nos não só a história da evolução humana, desde
há 3,5 milhões de anos, passando pela época em que a América foi descoberta por
povos que atravessaram da Asia, pelo Norte da Rússia, para o Alasca através do
que é hoje o estreito de Bering quando, na era glaciar, as reduzidas águas dos
Oceanos o secavam. Finalmente, as tribos autóctones que se formaram e a chegada
dos Espanhóis, por mar, em 1519.
Parabéns Francisco. Adoro ler as suas crónicas, das quais apenas tive conhecimento no final de 2016. Desde então tenho lido todas as peripécias com muita curiosidade e um nadinha de inveja. Há falta de melhor viajo consigo.
ResponderEliminarUm grande abraço e continuação de boa viagem!
Diogo SV
Obrigado, Diogo. Abraço
EliminarContinua a correr bem! Continuação.
ResponderEliminarBeijinhos
Ana
muy interesante, y de paso quiero desearle muchas bendiciones para que todo se le de bien con la ayuda de Dios. Siempre Dios por delante para emprender nuevos horizontes....Vivian de Puerto Rico
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