Em Houston fui visitar o centro da NASA que é espetacular. Ali está a
maquete de um Space Shuttle montada num dos dois Boeing 747 originais que a
NASA utilizou para transporte dos cinco Space Shuttle existentes. Estes fizeram,
entre eles, mais de uma centena de viagens espaciais entre 1981 e 2011, ou em
deslocações à Estação Espacial Internacional, para entregar e trazer
cientistas/astronautas e material ou simplesmente para lançar satélites no
espaço.
Dos cinco Space Shuttle construídos dois ficaram destruídos em acidentes
onde morreram 14 astronautas. A nave era normalmente lançada na Florida com a
ajuda de dois motores auxiliares que depois eram injectados, caíam de para
quedas no mar e eram reaproveitados. A aterragem costumava ser na California e
daí a existência dos 747, para a transportar de volta através do continente
americano, embora tenham sido feitos testes em que o Space Shuttle foi lançado
a partir dos 747.
A Estação Espacial foi sendo construída com a ajuda de vários países e hoje
em dia tem o tamanho de um campo de futebol.
Nos últimos anos os americanos não têm tido esta espécie de autocarro
espacial operacional e têm sido os russos a organizarem as “carreiras”. A
viagem também não é longe porque soube agora que a Estação Espacial está a
menos de 400 Km da terra ou seja, a pouco mais que uma viagem de Lisboa ao
Porto que, às velocidades a que aquele trambolho anda, não deve demorar mais
que alguns minutos.
Em 2018 a NASA já terá novo transporte e prevêm até dar mais um ou outro
salto à lua, onde já não vão desde 1972, na preparação para a primeira viagem
tripulada a Marte. Esta parece ser mais complicada pois só uma ida demora cerca
de oito meses. Calculam que os astronautas fiquem lá um mesito a tentarem
plantar umas couves em estufas especiais, para ver se é possível ter vida em
Marte. Com mais oito meses para a volta já faz um ano e meio, o que pode criar
problemas físicos ao pessoal. O astronauta que ficou mais tempo no espaço
quando voltou media mais três centímetros pois a falta de gravidade fez com que
a coluna esticasse, para além de sofrer de descalcificação acentuada dos ossos.
Os que forem a Marte são capazes de chegar tão esticados que já não se aguentam
em pé.
É realmente fascinante este mundo da conquista do espaço sem o qual não
existiria a Internet, por exemplo, ou os sistemas de GPS.
Quando deixei o centro espacial já passava das seis da tarde. Normalmente
evito rodar de noite mas, como me sentia fresco e a temperatura de 25º estava
agradável, decidi fazer uns 100 Km e fui ficar a Whorton.
Estou em pleno Texas, terra de Cowboys e petróleo, onde Trump é visto como
o salvador da pátria. Uma revista “cor de rosa” exposta nas bancas anuncia na
capa que Hillary Clinton fugiu do país para não ser presa e nas bombas de
gasolina vendem stickers para colar na parte de trás dos carros com desenhos de
pistolas e a frase: “nós não chamamos o 911” (112).
Tenho o habito de dormir com as janelas dos quartos abertas e aqui entraram
uns mosquitos no quarto durante a noite que tinham cerca de três centímetros de
comprimento e me deixaram o pescoço, a careca e uma perna num estado lastimoso.
No dia seguinte de manhã estava a sair de um supermercado onde fui comprar
creme para as picadas e repelente, para evitar as próximas, quando um texano
ruivo de barba bem aparada, rabo de cavalo e uma camisa chinesa dourada
impecavelmente engomada, veio ter comigo. Perguntou-me de onde vinha e para
onde ia e chamou a mulher chinesa também bem arranjada e penteada, com um
vestido comprido. Já tinham feito umas viagens de moto pela Europa os dois e
também na China. Iam nesse dia a caminho de Houston onde a mulher apresentaria
o livro que tinha escrito sobre essas viagens, à comunidade chinesa local,
certamente, pois não estava traduzido em inglês. Que personagens.
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