Da fronteira até
Dili são pouco mais de cem quilómetros de uma estreita estrada em grande parte
alcatroada mas em muito mau estado. Estão a repará-la mas parecem alcatroar de
novo um pequeno troço de 500 metros, depois passam a alcatroar outro a uns quilómetros
de distancia e assim por diante com os intervalos em terra, já com o alcatrão
arrancado e obviamente com buracos e lama. Demorei duas horas e meia a
percorrer os cerca de 120 Km.
Quando encontrei
a primeira bomba de gasolina, já perto da cidade, o depósito estava
praticamente seco embora pelo caminho tivesse visto vendedores locais com
garrafas de água cheias de gasolina expostas à beira da estrada. Quis evitá-las
mas numa emergência não seria a primeira vez que a “Cross Tourer” bebia
daquilo.
Em Timor Leste a
moeda utilizada é o Dólar Americano embora os pequenos trocos sejam pagos em
moeda local, que não seve para grande coisa.
Chegado à cidade
passei junto ao pequeno aeroporto, que é praticamente dentro da cidade, e pouco
depois, do lado direito, na marginal, temos o Palácio do Governo vindo do tempo
colonial e das poucas construções bem conservadas ou, provavelmente,
reconstruído depois da guerra.
Fui direito à
embaixada portuguesa porque a minha ideia era pedir ao embaixador para lá
guardar a moto até tratar do seu transporte para a Austrália.
O porteiro
disse-me que tinham saído todos para almoçar e só regressavam às duas. Parti
então procurar onde ficar. Precisava de resolver a estadia e o transporte da
moto em 24 horas, para além de arranjar
um ou vários voos que me levassem a Bangkok até à noite do dia seguinte, pois
tinha o regresso a Portugal marcado para as duas da manhã a partir da capital
Tailandesa.
Tinha visto um Hotel Dili que não tinha mau
aspecto sem ser de luxo e portanto estaria dentro do meu orçamento mas, quando
o procurava, passei pelo Hotel Timor, de que já tinha ouvido falar e bastante
melhor. Parei a moto e fui perguntar o preço do quarto. Na recepção falaram-me
em 135 dólares. Era muito para o meu “budget” e perguntei o que aconselhavam a
metade do preço. Antes do recepcionista responder um português, que vinha a
passar no Hall, apresentou-se como diretor do Hotel e perguntou se era eu que
vinha na moto. Ao confirmar disse-me que tinha que lá ficar e ofereceu-me o
quarto por metade do preço.
Mais tarde, muito
simpaticamente, disse-me que a moto poderia ficar guardada no Hotel até ao
embarque para a Australia e que, sendo feriado no país, poderia ir comigo no
dia seguinte à empresa de navegação tratar do seu transporte.
Em meia hora
tinha quase todos os meus problemas resolvidos. Faltavam os voos para Bangkok
que consegui depois do almoço na Internet.
Da parte da
tarde, nas traseiras do Hotel, estive a tratar de lavar o moto o mais
pormenorizadamente possível assim como todo o equipamento que cá deixava pois
tanto a embaixada Australiana em Lisboa como outras pessoas me tinham avisado
que, quando a moto entrasse no país teria que ir lavada ao pormenor. Acho que
não ficou mal.
Na manhã da
partida acordei cedo e, antes de ir com o diretor do Hotel à companhia de
navegação, ainda estive a lavar o fato, botas e capacete, que viajam com a moto.
E assim acabou
mais uma etapa desta viagem à volta do mundo. Espero que tenham gostado de a
acompanhar. Quando regressar para a próxima etapa irei percorrer a Australia,
Nova Zelandia, Japão e Estados Unidos.
Eu gostei. E gostava de ver mais sobre Timor.
ResponderEliminare aguardarei a próxima etapa (quando?). Essa será mais "civilizada" para o meu gosto.
Bjs, Ana
Muito bom.
ResponderEliminarForte abraco.
Chico grande viagem e grande relato. Parabéns.Que inveja.
ResponderEliminarNem o que te dizer desta tua Odisseia. Não me canso de falar aos meus amigos e alguns teus também desta tua epopeia. Só te posso dizer que sinto um grande orgulho de cada vez que falo de ti. Comecei a ler as tuas crónicas antigas, as primeiras viagens agora, poque neste momento já estás em Angola...Simplesmente não consigo deixar de as ler....Forte Abraço!!
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