Pelas dez e meia
da manhã deixei Siem Reap em direção à fronteira com a Tailândia. Quase que uma
única recta de 150 Km em bom piso levam-nos até Krong Paoy Paet.
Passava pouco de
meio dia quando aí cheguei. O homem que tratava do Carnet estava a almoçar mas dez
minutos depois apareceu e rapidamente carimbou o documento. Ao chegar à secção de
passaportes com a moto deparei com uma enorme fila de turistas, acabados de
descarregar de uma camioneta. Um dos guardas fronteiriços propôs-me carimbar o
Passaporte por seis dólares. Ofereci-lhe cinco e quando lhe passava o dinheiro
para a mão surgiu o chefe que, com o ar mais natural do mundo, pegou nas notas
que estavam na mão do entristecido homem, colocou-as dentro do Passaporte e
partiu, regressando dois minutos depois com o carimbo de saída colocado.
Passei para a
parte Tailandesa. Dois rapazes, um com os seus vinte anos e outro de uns
trinta, estavam sentados por trás de uma mesa ao ar livre. Comandavam uma
cancela manual que abriam e fechavam de vez em quando, não percebi bem com que
critério. Carros, camiões ou pequenas motos, todos tinham que carimbar um papel
e passaporte junto destes homens. No meio da mesa um cesto para as gorjetas, à
vista de todos, em que quase toda a gente que por ali passava colocava ora
moedas ora uma nota, neste caso retirando, pelas próprias mãos, o troco em
moedas do cesto, conforme o que cada um achava justo. Os dois homens só olhavam
para o cesto quando começava a ficar cheio de notas. Nessa altura o mais velho
pegava no molho e colocava-as num saco que tinha ao lado da mesa.
Não senti que
quem não contribuísse para o cesto fosse tratado de forma diferente. Influencia
sim, teve a farda de um oficial superior a passar com um amigo, sem deixar
gorjeta, que deixou os rapazes nervosos e apressados.
Tive que ali
ficar à espera, durante duas horas, de um seguro que me obrigaram a fazer para
a moto, por não aceitarem o internacional que trazia, e assisti em direto e a
cores em como aquele dinheiro das gorjetas serviu não só para pagar a um
fornecedor de Tabaco que apareceu com três pacotes de 20 maços para o rapaz
mais velho como para quando ele enviou outro empregado carregar-lhe o
telemóvel. O dinheiro com que paguei o seguro, que um suposto empregado da
companhia veio trazer, também foi para dentro do saco azul.
Passava das três
da tarde quando finalmente passei a fronteira e parti a caminho de Bangkok, a
250 Km de distancia. A estrada era boa mas, à medida que me aproximava da
cidade, o transito intensificava-se até que, a uns cinquenta quilómetros, se
começam a formar enormes filas que consegui ir passando mas muito devagar.
Entrei em Bangkok
já de noite. É como uma cidade europeia mas mais espalhada em extensão e menos
em altura. A Tailândia tem uma economia muito diferente da dos últimos países
por onde passei até ali chegar. Fui ter a casa de uns amigos onde tinha
combinado deixar a moto durante os próximos seis meses, até regressar à viagem.
No dia seguinte, véspera de apanhar o avião para Lisboa, fiquei a tratar de
lavar a moto, guardá-la na garagem, desligar a bateria e lavar fato, botas e
capacete, que estavam num estado lastimoso.
Entretanto, desde
o dia que passei na floresta do Cambodja estava com uma dor no ombro direito
que pensei ser resultado de um desastre que tinha tido na marginal há cerca de
um ano, que ainda tem dado dores, esporadicamente. Mas esta dor de agora
agravava-se de dia para dia e ontem, depois do duche, reparei numa espécie de
sinal, alto, que não me lembrava de ter. Tinha uma ponta solta de maneira que
lhe dei um puxão forte para o conseguir arrancar. Era uma carraça, que se
alimentara do meu corpo nos últimos cinco dias.
Ui!
ResponderEliminarE isso não pode dar febre? E não é grave? Toca a despachar e a vir ao médico.
Bom regresso. Está um sol fantástico e 20 graus.
Cá o esperamos. Bjs, Ana
PUTA DA CARRAÇA.....
ResponderEliminarAbraço
Bernardo
Fónix!!! Uma carraça!? :)
ResponderEliminarContinuação de boa aventura!