22 de dezembro de 2012


Dubai

O voo de Bandar Abbas para o Dubai dura pouco mais de 20 minutos.
Fiquei no Dubai 24 horas. Tinha cá estado há cinco ou seis anos e está bastante melhor. Na altura já existiam a maioria destes prédios lindos que construíram no centro, projetados por alguns dos melhores arquitetos mundiais, mas ainda estava tudo em obras, havia muito pouca sinalização e as infraestruturas rodoviárias eram um caos onde nos perdíamos facilmente.
Agora está tudo com um ar mais acabado e organizado. Já existem placas de sinalização, canteiros bem tratados junto a algumas das vias principais e, como muitas das obras pararam com a crise, está tudo mais assente. Aquele projeto megalómano das ilhas em forma de Palmeira ficou a meio. Penso que uma está quase acabada mas a segunda, como pude verificar do avião quando chegava, não passa de um aterro que fizeram mar dentro, ainda insignificante.
O Dubai continua a cheirar a dinheiro. No aeroporto o prémio para um qualquer sorteio não é um Fiat ou Toyota mas um Mc Laren que lá está em exposição enquanto pelas ruas vêm-se stands da Ferrari, Aston Martin e muitos carros grandes e gastadores a circularem. Os próprios táxis têm motores a gasolina e caixa automática.
Aqui não há Hoteis a vinte euros e, para encontrar um a 50, fui parar a uma zona da cidade mais frequentada por asiáticos e paquistaneses.
Logo que saí à rua uma miúda filipina veio-me oferecer os seus préstimos sexuais pelo dinheiro que eu quisesse dar. À noite, na “boite” do Hotel, que era pouco maior que o quarto, um grupo de umas dez miúdas Paquistanesas, giríssimas, dançavam num palco rodeado de mesas com homens de meia idade a assistirem. Uma das danças obrigava-as a rodarem as cabeças tão depressa que temi se soltassem dos corpos. Aqui, no entanto, não se podem despir pois como país árabe que são os Emiratos, seria um crime punível no mínimo com umas valentes chicotadas nas raparigas e dono do estabelecimento.
No dia seguinte fui até à praia onde tomei maravilhosos banhos naquela água transparente e quente.  Parti ao fim da tarde para Mumbai (Bombaim) onde cheguei já de noite.
Sabia que o Hotel que tinha marcado era perto do Aeroporto. Quando me propus apanhar um táxi um homem que se fez passar por taxista dirigiu-me para o táxi e sentou-se ao lado do condutor. Perguntei porque vinham os dois e ele disse que ia também, que o táxi era dele. Não tínhamos andado mais de 500 metros quando me informou que o preço a pagar eram 1500 rupias ou seja, trinta dólares. Disse-lhe que parasse o táxi que eu saía ali mesmo e ele respondeu que não, que isso dava muito mau aspecto e perguntou-me quanto estaria disposto a pagar. Falei-lhe em cinco dólares e atirou-se ao ar. Que no mínimo levava dez dólares. O Hotel não era a mais de três ou quatro quilómetros. À chegada, saí do táxi e fui perguntar qual era o preço normal para o trajeto desde o aeroporto. “200 rupias”, respondeu o recepcionista. Tirei 300 do bolso e paguei ao homem. Ele não me largou e veio o recepcionista e um cliente da espelunca, acabado de sair do banho enrolado uma toalha, discutirem com este acompanhante de taxista ao qual se juntou o condutor. O tom subiu a um nível em que estava mesmo à espera de pancada mas depois de muitos insultos e provocações lá arrancou taxista e acompanhante para tentarem enganar mais um.
O bairro em que fiquei era do género “abaixo de cão”, como eu gosto. Muito movimentado e sujo, com uma vida e cores extraordinárias. Os carros, motos e “rickshaw”, agora com motor de vespa em vez de pedais, atropelam-se uns aos outros no meio de um transito caótico e selvagem. O lixo, em vez de ser posto em caixotes é despejado nos intervalos do passeio central num monte imundo que a camioneta do lixo carrega, de manhã, à pazada. É evidente que muito fica espalhado pela rua e passeios, se é que podemos chamar isso a caminhos de terra esburacados. No meio da confusão crianças divertem-se a brincar, adolescentes vendem frutas estranhas em bancas improvisadas e muita gente circula por entre a confusão de carros e camiões estacionados nas bermas e transito que se atropela em todos os sentidos.
Hoje mudei de Hotel, para ir conhecendo partes diferentes da cidade mas o cenário manteve-se quase idêntico. Amanhã volto a mudar, dessa vez para uma zona um pouco melhor.

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