Depois de visitarmos a ilha do Uyuni continuámos a travessia do Salar,
parando uma ou outra vez para fotografar.
Pelas seis e meia da tarde parámos, já perto da outra margem, para
assistirmos ao pôr do sol no Salar e depois de deixarmos o mar de sal seguimos
por pistas no deserto a caminho de uma aldeia, a uns cinquenta quilómetros,
onde iriamos ficar a dormir.
Já de noite eu seguia o jipe a uns 100 metros de distancia, para não
apanhar muito pó quando, numa zona de areia mole caí. O guia não reparou e
continuou viagem. Sem poder levantar a moto sozinho ali fiquei, perdido na
noite do deserto, à espera que alguém mais passasse ou eles reparassem que eu
deixara de os seguir. Passado um quarto de hora vi as luzes de um jipe ao longe
que por sorte veio no mesmo trajecto. Ajudaram-me a levantar a moto e
propuseram seguir-me até à aldeia não fosse eu voltar a cair e não ter como
levantar a moto. Não fiz mais de quinhentos metros na areia mole com os pneus
de estrada que agora tenho montados até voltar a cair. Tinham eles acabado de
me ajudar a voltar a levantar a moto quando surgiu o Jipe com o meu grupo que
finalmente tinham dado pela minha falta. Substituíram assim o outro como carro
de apoio e lá segui com muitos malabarismos nas partes de areia mole, onde a
frente da “Cross Tourer” fica incontrolável, até à aldeia, felizmente sem
voltar a cair. Tough.
Ficámos num simpático hotel construído com blocos de sal em forma de
tijolos onde jantámos bem e pude tomar um duche antes de cair na cama.
Na manhã seguinte tomámos o pequeno almoço às sete e meia, passamos num
minimercado comprar gasolina para a “Cross Tourer” em jerricans de cinco litros
a preço proibitivo e voltamos a enfrentar o deserto. O guia já me tinha dito
que o início do trajecto teria uma parte com areia mole e voltei a não
conseguir controlar a frente da moto e cair. Desta vez a queda fez prender o
motor de arranque, para além de empenar o suporte de uma das luzes extra
laterais que ficou a roçar na direcção. Com um pequeno empurrão conseguimos,
felizmente, desbloquear o motor de arranque, que não voltou a dar problemas.
Continuámos depois deserto dentro, agora já em terreno duro onde pude rodar
rápido na frente do jipe numa paisagem espectacular por entre vulcões, que me
levava a parar aqui e ali para tirar fotografias. Passados uns 30 Km parei para
me despedir do pessoal do Jipe, pois a parti de ali seguíamos em direcções
diferentes. Eles continuavam o seu passeio que regressaria a Uyuni e eu partia
em direcção a uma fronteira da Bolívia com o Chile que existe no meio do
deserto. O guia apontou-me ao longe o trajecto que deveria seguir:
- Está a ver lá ao longe, aquele monte? Está a uns quarenta quilómetro de
aqui. É por trás do monte que estará a fronteira. E no chão de terra, com um
pau, explicou-me as pistas que deveria seguir para lá chegar.
Despedi-me do grupo e arranquei deserto fora com a mira no tal monte por
trás do qual haveria de estar a fronteira com o Chile. O importante era não
voltar a cair pois ali pode decorrer uma semana sem que ninguém por lá passe e
a água e bolachas que trazia só me dariam para um ou dois dias.
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