21 de dezembro de 2017

Antofagasta - Chile


Calama é uma cidade mineira sem grande graça. O primeiro choque que temos ao chegar ao Chile é que os preços são praticamente o triplo do que praticam nos países mais a Norte da América do Sul e Central. E nesta parte do país não se percebe a razão porque restaurantes e hotéis não são melhores em qualidade.
Pensei em arrancar logo para Sul pela Pan Americana através do deserto mas recomendaram-me que visitasse S. Pedro de Atacama e arredores. Como parecia ser um desvio de apenas cem quilómetros decidi ir até lá. Pelo caminho vi um tipo parado numa KTM e dei meia volta par ver se precisava de ajuda. Era um Canadiano que tinha vindo cá a baixo e voltava rapidamente para o Canadá, por ter trabalho. Indicou-me um Hostel, bom e barato no meio do deserto onde tinha ficado essa noite.
Antes de entrar em S. Pedro fui visitar o que chamam Vale de la Luna uma parte do deserto com uma paisagem espectacular. É dos locais mais secos da terra com zonas onde não chove há centenas de anos. Cientistas testaram ali o veículo que pretendem usar em Marte.
O GPS do telemóvel mandou-me por uma estrada de terra que estava cortada e só depois de voltar à estrada principal vi a entrada utilizada ultimamente. Aquela hora o parque estava praticamente deserto. Estacionei a moto junto ao que chamam o Anfiteatro e fui visitar o local a pé. Pensei que era uma passeio de dez minutos mas passados três quartos de hora constatei que estava perdido no deserto e, para mais, tinha deixado a água na moto. A andar, com as botas, pela areia fiquei estafado mas, felizmente, pouco depois, do alto de uma ravina, pude ver a moto lá em baixo. Quando cheguei junto da moto encontrei três rapazes e duas raparigas que para ali tinham ido de bicicleta e estavam desesperados porque se lhes tinha acabado a água. Pediram se eu dizia aos guardas da entrada, a oito quilómetros de ali, que lhes fossem levar água mas como estes não a tivessem fui até uma aldeia, a meia dúzia de quilómetros, comprar água. Quando voltei já não os encontrei. Teriam arranjado boleia de alguma carrinha que os levou de volta com as bicicletas.
Parti almoçar em S. Pedro e segui para a espécie de Hostal recomendado pelo Canadiano, dois ou três quilómetros fora da vila. Uma pequena quinta onde a caldeira de água quente era uma fornalha de ferro ferrugento em frente de casa, alimentada a lenha, que dava a sensação  ir explodir a qualquer momento. Mas funcionou bem e no silencio do deserto dormi que nem um anjo.
No dia seguinte parti a visitar as lagoas de Miniques e Miscanti que pensava serem a quarenta ou cinquenta quilómetros mas eram a 120. A meio caminho dei conta do mau cálculo e constatei que não só não tinha gasolina para lá chegar como nem sequer dava para regressar a S. Pedro de Atacama, único lugar num circulo de 200 Km com bomba de gasolina. Entrei então numa aldeia, das que só têm ruas em terra e perguntei se alguém teria gasolina. Acabaram por me enviar a um mini mercado onde uma menina me vendeu 10 litros em dois garrafões de plástico que resolveram a situação. As lagoas são lindas, com vulcões de glaciares no topo, por trás.
Nesse mesmo dia fiz o caminho de volta a Calama e segui para Sul até Antofagasta, uma cidade junto à costa já mais atractiva. Começava a entrar no Chile que justificava um pouco os preços exagerados que ali se praticam.



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