Fiquei três noites em Washington. Visitei o Memorial dedicado ao Presidente
Lincoln, a quem os americanos dão grande importância não só por ter sido quem
governou durante a guerra civil, mas principalmente por ser o grande
responsável pelo fim da escravatura, e os dois “memorials” dedicados aos
combatentes das guerras da Coreia e Vietnam. O primeiro com estátuas de
soldados implantadas num campo de erva, reproduzindo um campo de batalha, muito bem feito, e o segundo um enorme muro em
mármore preto, com uns bons cem metros de comprimento e cerca de dois de altura,
onde estão gravados os nomes de todos os perto de sessenta mil americanos que
morreram na guerra do Vietname. Impressionante. Ainda hoje, mais de 40 anos
passados sobre o fim da guerra, familiares continuam a ir lá colocar
fotografias, flores e bandeiras americanas junto de alguns dos nomes.
No dia anterior tinha passado um par de horas no excelente art museum com
obras dos principais pintores europeus dos séculos XV a XX e de um ou outro
americano do final do século XIX e inícios do século XX.
Quando passeava pela cidade, acompanhado de uma das minhas cunhadas que ali
vive, passei por um grupo de polícias que guardavam um dos acessos à Casa
Branca com as suas Harleys. Pedi para tirar uma fotografia e um deles achou
graça e convidou-me a fazer pose frente às motos com ele. Sugeri tirar outra a
fingir que me prendia e ele, divertido, mandou-me deitar no capot do carro da
polícia para fazer o “teatro”. Só nos Estados Unidos a policia alinhava numa
brincadeira destas. Fantástico.
Da parte da tarde visitámos o museu do ar, onde têm expostos não só vários
aviões da primeira e segunda guerras mundiais como cápsulas das missões Apollo
e outras partes dos gigantescos foguetões que levaram uma dúzia de homens à lua
entre 1969 e 1972, passando ainda por outras curiosidades como o original “Spirit of Saint Louis”, o primeiro
avião a atravessar o Atlântico sem escalas. O jovem Charles Lindbergh levou
mais de 33 horas, em 1927, para ir de Nova Iorque a Paris, onde aterrou em
frente de uma população delirante.
Durante a visita conhecemos um aviador reformado americano que nos explicou
pormenores fascinantes sobre o funcionamento dos foguetões que foram à lua e as
várias partes dos mesmos que iam ficando pelo caminho. Não tinha ideia que na
primeira viagem, em 1969, Michael Collins tinha ficado numa parte da nave em
órbita e só Neil Armstrong e Buzz Aldrin aluaram, descendo do módulo e
caminhando na superfície da lua de onde recolheram materiais para posterior
análise. Antes de partirem deixaram o material de que não precisavam em solo
lunar, incluindo as suas mochilas, para tornar a nave, já em tamanho muito
reduzido, mais leve. Para descolar da lua no regresso, como é evidente, é
preciso muito menos potencia dos motores e quantidade de combustível do que quando estão sujeitos à
força da gravidade na terra.
Se no início da missão o enorme foguetão lançado de Cape Canaveral tinha
111 metros de comprimento, no fim, a única parte que regressava à terra era o
pequeno módulo que caia de para quedas no Pacifico com os três astronautas
dentro, que não tinha mais de quatro ou cinco metros de diâmetro e uns três de
altura. Impressionante.
Ao todo houve seis missões que levaram homens à lua, entre 1969 e o inicio
dos anos 70. As duas ultimas transportaram os buggies lunares que permitiram
aos astronautas deslocarem-se já umas centenas de metros no solo lunar e que lá
ficaram, abandonados.
O Tenente Don Baier era muito simpático e contou-nos que, quando pilotava
sobre o Atlântico, há largas dezenas de anos, e perguntava aos controladores
aéreos portugueses, na base dos Açores, se não estava demasiado vento para
poder aterrar estes indagavam primeiro: traz correio? Se ele dizia que sim, por
mais vento que estivesse, diziam sempre que a velocidade máxima das rajadas era
de 35 nós, o limite em que estavam autorizados a aterrar. Numa altura em que
havia poucos meios de comunicação, os controladores esperavam ansiosamente por
notícias dos familiares que estavam emigrados nos Estados Unidos.
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