Deixei Broulee Beach com o tempo cinzento debaixo de chuva miudinha e a estrada
escorregadia por causa da mistura da água com a seiva das árvores.
À hora de almoço parei num pub castiço onde estavam três homens ao balcão
que me falaram bem, como é costume aqui pela província. Por ser gente do mar, quando
me perguntaram de onde era um deles disse:
- “I’ve been there with a tanker twenty years ago, in Sainees”
- “Chineese ?”, respondi eu com ar de que ele me estava a contar uma grande
treta.
- “No, Sainees, S, I, N, E, S.”
- “Ah, Sines”.
- “How do you say that?”
Contou-me que o petroleiro não cabia no cais e sobrava para a frente e trás
do porto mas, como já tinham entrado, não podiam voltar para trás.
Comi um bom bife por oito euros, a refeição decente mais barata que
encontrei na Australia.
Antes de sair o homem ainda me mostrou a previsão do tempo no telemóvel e
não era boa. Recomendou-me ir até Lakes Entrance, terra de pescadores.
Lá arranquei debaixo de chuva. Felizmente parou a meio da tarde e, quando
cheguei à vila piscatória, com uma paisagem de costa espetacular, com vários
lagos, pude montar a tenda antes de voltar a chover. Ficou num sítio bastante
resguardado e não houve vento de maneira que dormi bem.
Quando saí de manhã ainda não chovia mas, passada uma hora começou a chover
forte. Como tinha que chegar a Melbourne, onde decidi alugar um bom apartamento
por dois dias, para descansar do campismo debaixo de chuva, decidi não parar.
Uma hora antes de chegar o tempo, felizmente, abriu e voltou um sol como não
via há três dias.
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