Depois dos dez dias passados em Sydney voltei a Darwin para o mesmo pequeno
Hotel onde tinha ficado antes de partir.
Desta vez, já com o dono a apreciar as minhas facetas nas pequenas
reparações caseiras combinei ficar por lá, à espera da moto, a troco de três
horas diárias de trabalho.
Reparei um tubo que perdia água, uma torneira que pingava, a bomba que puxava água para o lago e as luzes do
fundo desse pequeno “pond”. Depois, rebarbadora em punho, descasquei a tinta
velha da vedação metálica à volta da casa e pintei-a de novo. Dez dias de
trabalho matinal.
A moto tinha finalmente chegado a Darwin no dia em que aterrei vindo de
Sydney mas o processo de desalfandegamento, que incluiu uma lavagem feita por
eles no porto (ainda tinha traços de terra no radiador, depois da lavagem que
eu lhe tinha feito em Timor antes de partir) e pela qual me cobraram 440 euros,
durou mais de uma semana.
As três mais novas têm todas ar de traumatizadas e nunca lhes vi os dentes.
Um dia que fomos jantar fora o homem contou-me que se tinha separado da
mulher entre outras coisas porque um dia ela pegou numa pistola e desatou aos
tiros dentro de casa.
A senhora costumava aparecer por lá, simpática, buscar uma ou outra das
filhas. A partir daquele dia passei a estar mais atento quando ela chegava, não
fosse puxar da arma sem razão aparente. Falava-lhe bem mas não a perdia de
vista até entrar dentro de casa e, se possível, deixava um carro ou uma árvore
entre mim e a mulher.
Vinha normalmente acompanhada de um irmão ou do pai. O irmão, muito simpático,
parecia um profeta, com olhos azuis quase transparentes e uma enorme barba
cinzenta. O pai era exatamente igual mas ainda mais simpático e um pouco mais velho.
Chegou a vir cá para fora fazer conversa comigo enquanto eu pintava.
Qualquer um deles poderia ser um daqueles personagens que aparecem nos
noticiários Americanos por terem morto três vizinhos de um dia para o outro e
todos ou outros dizerem que achavam muito estranho porque “era um encanto dum
homem”.
No dia 9 de Novembro pude levantar finalmente a moto. Como tinha desligado a
bateria, mesmo passados dez meses pegou à primeira.
No dia seguinte tratei de lhe substituir as pastilhas de trás que estavam
nas ultimas, a maneta do travão que não me lembro de estar torta mas deve ter
sido resultado de alguma queda no transporte, e reparei o cabo que abre o fecho
do banco, que se tinha soltado, certamente resultado de algum puxão que os
homens da lavagem deram para abrir o banco.
Está quase a começar a rolar!!!!!
ResponderEliminarFoi um "parto"difícil...
Mas com o seu espírito, fica tudo bem mais fácil.
Boa sorte, para si e para a sua burrinha!
Grande faz tudo! Sim senhor.
ResponderEliminarBora aí.
Beijinhos
Ana