Antes de partir perguntei, com o mapa da região na mão, qual o melhor sítio
para ir ficar nesse dia. Indicaram-me um parque de campismo perto de uma lagoa.
Teria de percorrer cerca de 150 Km por estrada alcatroada e mais 10 Km de uma
estrada de terra que disseram estar em mau estado. Não haveria lojas ou
restaurantes nas redondezas de maneira que teria que me abastecer numa vila cem
quilómetros antes. Comprei três bananas, uma cenoura, uma caixa de tomates
miniatura, dois yogurtes e mais uma garrafa de água.
Durante as quase duas centenas de quilómetros não passaram por mim mais de
três ou quatro carros mas, no alcatrão, passei por três cangurus atropelados,
um deles a ser devorado por umas dez aves de rapina.
Chegado ao parque, no fim da estrada de terra, só estava um jipe da equipa
de manutenção, que estavam de partida. Deixei a moto e fui por um caminho
através da floresta, a ladear o rio, até às quedas de água, num trajeto de
cerca de meia hora, a parte final já entre pedras e rochas. Vários sinais a
avisar o perigo de crocodilos mas que diziam ser raro aparecerem por ali.
De regresso ao parque de estacionamento chegaram dois rapazes num jipe que
vinham também ali ficar mas, como ainda eram quatro e meia e vi que havia outro
parque mais à frente decidi arrancar. O parque seguinte também estava deserto e
preferi percorrer mais 50 Km e ir ficar a um com um bar de apoio e uma pequena
loja. Aí até consegui uma ligação à internet. Pelas oito da noite, enquanto
estava ao computador no bar, a mulher do dono, com um canguru bébé ao colo,
veio perguntar-me se não queria um prato de bolonhesa que estavam a acabar de
cozinhar. Aceitei. Perguntei de onde tinha vindo o canguru e contou-me que
tinha sido encontrado no mato por uns aborígenes, provavelmente órfão.
Passei mais uma noite na sauna que se torna a tenda nesta altura do ano.
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