Three Ways é perdido no meio de nada. O posto de abastecimento mais perto
para Norte fica a 200 Km e para Oriente a 300 Km. Fiquei por lá a acampar.
Tinham uma pequena piscina com a vantagem de a água não estar morna.
Contam-me que aqui, ainda há pouco tempo, alguns dos rancheiros locais,
baseados a centenas de quilómetros, aterravam
as suas avionetas na estrada e vinham à bomba abastecer e beber uma
cerveja. Um que vivia a 500 Km vinha de helicóptero só para beber uma cerveja e
fazer dois dedos de conversa com quem por lá estivesse.
Arranquei para Oriente, depois de atestar o depósito, pelas dez da manhã.
Nos 300 Km seguintes cruzei-me com dois carros e três camiões. De resto não se
vê ninguém nem qualquer construção. Cangurus, que estava à espera que se
atravessassem constantemente à frente, só encontrei cadáveres, já atropelados,
na estrada. Um ou outro de grande porte.
A vegetação passou a rasa, só umas ervas secas que se estendem a perder de
vista. Por vezes, rabanadas de vento fazem abanar a moto. Os poucos camiões que
se cruzam comigo, monstros de cinquenta metros que se deslocam a mais de 100
Km/h, formam quase que uma parede de ar, que mais uma vez me chocalham, qual
andorinha em vendaval.
Durante o trajeto há uma ou duas áreas de descanso dessas que não são mais
que um banco com uma sombra e onde por vezes paro para beber água e sou
assaltado por moscas. “Touph”.

Uma delas quis convencer-me a acampar por ali mas ainda eram duas da tarde
e decidi avançar até ao próximo posto, 150 Km à frente.
Apanhei um ótimo parque de campismo em Camooweal, com uma piscina de água
que refrescava e onde pude lavar roupa numa máquina e cozer um esparguete.
Tinha acabado de entrar na província de Queensland.