21 de fevereiro de 2019

Stellenbosch

No próprio dia em que mudei o óleo do motor, um Sábado, arranquei para dar uma volta de quatro dias pela Africa do Sul. Comecei por visitar o Cabo da Boa Esperança, local obrigatório para qualquer português. Junto ao cabo centenas de turistas saídos de camionetas acotovelavam-se para tirarem uma fotografia junto ao painel em madeira que indica o Cabo mais a sudoeste do continente africano.
De visita ao padrão comemorativo da passagem do cabo por Bartolomeu Dias, em 1488, a dois ou três quilómetros do cabo, não encontrei vivalma. Acabei por ter que fazer uma selfie, sem ninguém por perto.
De ali parti em direcção ao Cabo Agulhas que esse sim, representa o ponto mais a Sul do continente africano. O nome foi-lhe dado pelos navegadores portugueses quando, por volta de 1500, constataram que naquele ponto o Norte Magnético da Bússula coincidia com o verdadeiro Norte.
Pelas cinco da tarde, vendo que não chagaria lá nesse dia, vi um desvio para Stellenbosch, uma cidade universitária que ficou famosa por ser onde estão alguns dos principais produtores de vinho Sul Africano, e que ainda não tinha visitado, mesmo se quando esperava pela moto tenha ido com amigos que conhecera no Hostel beber uns copos a dois produtores mais perto de Cape Town, onde provámos excelentes vinhos, principalmente brancos.
Stellenbosch tem uma arquitectura herdada dos Holandeses, de casas brancas e ruas com muito arvoredo. Fiquei a dormir num Hostel muito bera mas onde, felizmente, era o único ocupante de uma camarata com seis camas. A gerente era uma simpática gorda negra que ficava de rastos de cada vez que tinha que subir as escadas, como quando chegámos à porta do quarto e verificou que se tinha esquecido das chaves.
Na manhã seguinte parti em direcção a Franschhoek, para visitar um famoso museu de carros antigos antes de rumar a Cabo Agulhas.
O Franschhoek Motor Museum está dentro de uma fabulosa propriedade produtora de vinho, pertencente ao milionário Sul Africano Johann Rupert que também ali faz criação de cavalos de corrida. Está impecavelmente tratada, tanto as vinhas como os jardins e as imponentes instalações de recepção que têm um restaurante  em que uma das paredes é um vidro com vista para o engarrafamento do vinho. Muito bem feito.
Já vi colecções melhores que esta mas nenhuma tinha os carros tão bem tratados e limpos. Impecavelmente restaurados os dourados e cromados brilhavam como se tivessem saído do stand naquele dia.
- Limpam-nos todas as semanas, perguntei?
- Todos os dias, respondeu-me um dos empregados.
De ali segui então até Cape d’Agulhas onde almocei uns excelentes filetes de um peixe local por menos de dez Euros, incluindo a cerveja.
A vila é típica piscatória, sem prédios, apenas de casas com um ou dois pisos, construídas maioritariamente em madeira.
Depois do almoço segui viagem até Mossel Bay, entrando para a parte costeira já na zona oriental da cidade. É uma colina que se estende até à praia com a maioria das casas com excelente vista para o mar. Fui até à praia e perguntei a um homem que chegava ao carro acompanhado das duas filhas miúdas depois de um banho de mar, se sabia de um Bed & Breakfast nas redondezas. Pediu que esperasse cinco minutos e segui-o até um dos poucos que havia naquela parte da cidade. Não podia ter ficado mais bem instalado pois o quarto tinha um terraço com fabulosa vista sobre o mar.
Perguntei ao casal de proprietário onde poderia jantar e disseram que chamariam um “shutle” que me levaria a um dos restaurantes da cidade e de volta sem cobrar.
- Dá-lhe apenas uma gorjeta no final que ele fica contente, disse-me a mulher.
- Quanto?
- 50 Rands. (o equivalente a 3,5 Euros)

E assim foi. Um tipo simpático, dos seus sessenta anos e rabo de cavalo a segurar-lhe os cabelos brancos, veio buscar-me pelas oito da noite e deixou-me num excelente restaurante para me passar a buscar uma hora depois. Do restaurante receberá mais algum mas não muito porque o caril de marisco e a cerveja não custaram mais que o equivalente a 12 Euros.

2 comentários:

  1. Visitei também o museu automóvel com o Rui, muito interessante.
    Grande abraço

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  2. Cá estou eu! Vamonessa!
    Ana

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