Quando saí da Hidroelectrica, junto a Machu Picchu eram três e meia da
tarde e por isso decidi ficar na primeira vila, Santa Teresa, onde se chega
através de uma estrada de terra que agora percorria em sentido contrario.
Instalei-me num Hotel do centro da vila e dormi uma hora o que nunca faço
durante o dia mas a caminhada da manhã tinha-me deixado de rastos.
Ao fim da tarde fui dar um mergulho a umas piscinas que ali têm com água vulcânica
quente que sai do fundo de pedras soltas. Fica-se ali estático, como se
estivéssemos numa banheira com a água a nascer por baixo e a correr borda fora.
Quando mais tarde saí do Hotel para jantar encontrei na rua o brasileiro
com quem tinha estado à conversa em Machu Picchu e jantámos juntos. O homem
contou que viveu quinze anos em Itália e tem três mulheres, uma em Itália e
duas no Brasil, com as quais tenta dividir o seu tempo. Mas há dois anos
foi-lhe diagnosticado um cancro no fígado e depois de um tratamento violento de
quimioterapia que quase o matou decidiu parar com o tratamento e partir viajar
de moto até ao Canadá. Diz que agora se sente lindamente embora não esteja
curado. Despedimo-nos no fim do jantar mas ainda nos voltámos a encontrar na
manhã seguinte quando eu tomava o pequeno almoço num café e o chamei ao vê-lo
passar do outro lado da rua.
Voltei depois a Cusco pelo mesmo trajecto que tinha feito dois dias antes.
Desta vez, felizmente, só apanhei uns pingos de chuva e a meio da tarde estava
de regresso à cidade. Liguei ao Eric, que me tinha emprestado a mochila, e
passei no seu pequeno clube motard a deixá-la, onde estavam dois rapazes e uma
rapariga que tinham vindo de uma cidade perto também visitar Machu Picchu.
Na manhã seguinte parti a caminho de Puno, que fica junto ao lago Titikaka,
o mais elevado lago navegável do mundo, a 3800 metros de altitude e com 160 Km
de comprimento e uma profundidade que chega a atingir perto de 250 metros.
Pelas duas da tarde encontrei dois motards com as motos carregadíssimas.
Era um Indiano que viajava com uma Iraniana que, por sua vez trazia um Inglês à
pendura. O Indiano e a mulher tinham saído da India em Março em duas BMW. Foram
até à Australia e depois mandaram as motos de avião para Chicago e estavam
agora a descer dos Etados Unidos. Só que a Iraniana decidiu casar-se com o seu
namorado Inglês em Cusco e ele, nunca tendo conduzido uma moto, vinha à pendura
dela em Lua de Mel. Estivemos um pouco à conversa e depois decidimos seguir
juntos até Puno. Passámos por um Argentino que tinha conhecido em Cusco, no
clube do Eric, e fiquei um pouco à conversa com ele, de moto para moto, em
andamento. Saiu da Argentina há três anos numa pequena 125, equipada com
rudimentares malas feitas em chapa, foi até ao Norte do México e só agora
estava a regressar a casa. Pelo caminho foi fazendo uns trabalhos aqui e ali,
para poder ir continuando a viajar.
Almocei com o Indiano e o casal pelo caminho e chegámos à cidade já de
noite. A Iraniana tinha começado a andar de moto há seis anos mas não parecia
atrapalhada com todo o peso que carregava na sua 800 bicilindrica.
Francisco,
ResponderEliminarJá que vai em direcção ao lago Titikaka, aproveite para dar um salto a Copacabana, a caminho de La Paz!
Já agora... e o Natal é passado na estrada?
Ab