Jantámos num restaurante fantástico em Puno, que o Alex , marido da
Iraniana tinha encontrado na internet e no dia seguinte eles seguiram para La
Paz e eu preferi ficar a explorar o lago Titikaka,. Fui até ao porto de Puno e
apanhei uma lancha que nos levou visitar umas lhas flutuantes, construídas
pelos indígenas, que nelas edificam pequenas aldeias. Este arquipélago do lago
chama-se Uros e é centenário.
As ilhas são construídas com uma base de paralelepípedos cortados das
margens de terra impregnada de raízes que é impressionantemente leve. Esses
enormes blocos de 10 metros por 3 são transportados para o local, atados uns
aos outros e fixos ao fundo do lago com cabos e âncoras. Com o tempo as raízes
crescem e fixam os blocos entre eles. Por cima colocam várias camadas de
vegetação seca que formam a base onde constroem as casas de colmo. Os
antepassados destes indígenas eram maioritariamente pescadores mas a nova
geração dedica-se, principalmente ao turismo, com estes passeios e venda de
artesanato.
Viajei a maior parte do tempo na companhia de um simpático casal de miúdos
Irlandeses que andavam pelo Peru há meses. Visitámos duas das ilhas e
regressámos a terra pelas três e meia da tarde, ainda a tempo de pegar na moto
e arrancar a caminho da fronteira com a Bolívia, para visitar o outro lado do
lago. Almocei no trajecto e cheguei à fronteira pelas seis da tarde, quando já
escurecia e estava perto de fechar. Teve a vantagem de não apanhar filas e
quinze minutos depois estava na Bolívia, a caminho de outra vila
junto ao lago,
Copacabana.
Instalei-me no primeiro Hotel que encontrei, à entrada da vila e na manhã
seguinte perguntei o que havia de transporte para a chamada Ilha do Sol que
pretendia visitar. O barco da manhã já tinha partido e por isso decidi ficar
mais uma noite no Hotel, almoçar num dos restaurante do porto e partir no barco
que saiu à uma e meia da tarde. É hora e meia de viagem através do lago para
chegarmos à famosa ilha, a maior do lago, com uma enorme escadaria logo de
entrada e trilhos a subir que nos deixam de rastos, pois a ilha está a 4.000
metros de altitude. Mas vale a pena o passeio tanto na ilha como o de barco em
que vemos nas margens montanhas com glaciares no topo.
Chegámos de volta a Copacabana pelas seis da tarde. O homem do restaurante
onde tinha comido uma lasanha à hora de almoço e me guardara a moto quando da
visita à ilha convenceu-me a voltar lá a jantar um peixe, pescado naquela manhã
no lago, segundo ele. Que saudades do peixe português que tive depois de jantar
aquele que estava seco e mal temperado.
Na manhã seguinte segui a caminho da capital, La Paz. As primeiras dezenas
de quilómetros são um passeio lindo, junto às margens do lago, até termos que
atravessar uma parte estreita numa barcaça e, na outra margem, começarmos a
afastar-nos do lago, continente dentro. Quando cheguei à pequena vila onde
estão as barcaças alinhadas para carregarem carros, motos e pessoas que queiram
atravessar o estreito não fazia ideia que não havia estrada ou ponte e
continuei em frente, atravessando a vila. Só quando entrei numa estreita
estrada de terra estranhei e perguntei a
um homem que passava e me ajudou a puxar a moto para conseguir dar a volta.
Achei graça porque ao explicar-me que tinha que apanhar a barcaça para seguir
para La Paz me disse:
Você não pague mais de 10 Bolivianos (cerca de euro e meio) para atravessar
com a moto, que é o preço normal. Se pergunta eles vão pedir-lhe mais por isso
não diga nada e, antes de sair na outra margem, estique-lhe uma nota de dez.
Não segui o conselho do homem e perguntei quanto era ao que o barqueiro me
respondeu 20 e eu disse que só pagava dez, que era quanto pagava usualmente. A
aceitar mal a minha conversa lá me disse.
- Deixe lá ver então se aparecem dois carros para completar a viagem. E lá
veio um pequeno camião e um furgão em minha companhia.
Cheguei a La Paz pelas duas da tarde.
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