3 de dezembro de 2017

Machu Picchu 2


Machu Picchu foi edificado no início do século XV. Há quem diga que começou por ser um templo religioso mas a ideia mais comum é que era um Palácio de um governante Inca que o terá construído ali não só por o seu difícil acesso, no alto de uma montanha de altas escarpas, o tornar fácil de proteger de ataques inimigos mas também porque os Incas achavam que, estando mais perto do céu, estavam mais perto dos Deuses.
Um dos guias Incas que ouvi contou que em 1534 , quando os Espanhóis chegaram a Machu Picchu, embora fossem apenas 170 contra quase 3.000 Incas, dominaram facilmente a cidade porque os Incas, ao verem aqueles homens de grandes barbas e armaduras brilhantes pensaram tratar-se de Deuses e não se defenderam. O seu chefe, como herege, foi condenado a ser queimado na fogueira mas, perante a contestação do povo a uma morte tão pouco digna para um lider, deram-lhe a alternativa de ser baptizado e, assim sendo, foi decapitado.
Deambulei por Machu Picchu pouco mais de duas horas e depois comecei a descer a pé os milhares de degraus abertos na floresta que vão cortando mais ou menos a direito, por várias vezes, a ziguezagueante estrada por onde sobem os autocarros que para ali foram levados de comboio. pois não há estrada desde o local onde deixei a moto.
Enquanto descia fui-me cruzando com várias corajosas pessoas que subiam a pé. Desde uma família Inca em que o homem levava uma criança pela mão enquanto a mais velha caminhava ao lado e a mãe, atrás, carregava uma enorme mochila às costas, possivelmente com as refeições e água para o dia. Disse ao homem que não estava certo mas ele riu-se e a mulher olhou-me com um ar resignado. Cruzei-me também com um simpático brasileiro, que estava a viajar desde o Brasil numa pequena 125 e acabámos por ficar quase meia hora à conversa, entre dois degraus. Mais em baixo vinha um grupo extraordinário, crentes num guia espiritual que trazia um chapéu de penas espetadas em todos os sentidos e soprava um búzio que emitia um som grave do tipo farol de nevoeiro, acompanhado por um segundo soprador de búzios. Os homens vinham vestidos de túnicas brancas, alguns descalços e as mulheres com vestidos ou calças e blusas também muito largos e leves. Uma espécie de hippies dos tempos modernos.
- De onde são? perguntei a um deles
- Do mundo.
- Do mundo? Mas de que parte do mundo?
- De todo o mundo e fomos aqui trazidos por este nosso guia espiritual.
O guia espiritual não tinha o ar de guiar ninguém, pois a sua expressão transmitia uma enorme falta de confiança nele próprio mas os discípulos pareciam encantados com este homem de chapéu de penas a tocar um búzio.
Mais em baixo conheci duas simpáticas Suecas que vinham também a descer e fizemos a caminhada de três horas até à hidroeléctrica juntos à conversa, o que fez o caminho parecer muito mais curto que na ida. Acabámos por ficar a almoçar por ali para depois elas seguirem de autocarro de volta a Cusco e eu na moto.




 

3 comentários:

  1. Grande viagem.
    A seguir vai para onde?
    Boa viagem
    Ana

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  2. Continuação de boa viagem!

    Tem sido um agrado ler os seus comentários aos locais por onde vai passando.

    Que continue a desfrutar e regresse de boa saúde ao ponto de partida.

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