Os últimos 60 Km a caminho de Machu Picchu, a partir de Santa Maria até à
chamada Hidroeléctrica, o fim da estrada, são em terra, através de um trajecto
aberto na montanha que, em certos locais, é bastante estreito e tem, do lado
esquerdo de quem vai neste sentido, um precipício de centenas de metros para um
vale com um rio. A vista é fantástica mas devemos tomar o máximo cuidado para
não sermos responsáveis por acrescentarem mais uma cruz às várias que se vêm
nas bordas do percurso.
Chegados à Hidroeléctrica há duas soluções para chegar à aldeia de Águas
Calientes, junto à subida que nos leva a Matchu Picchu: ou apanhamos um comboio
que sai duas ou três vezes por dia para percorrer o percurso de 8 Km ou
caminhamos junto à linha até lá chegar. Muitos dos turistas optam por esta
ultima solução até porque o preço do bilhete de comboio para estrangeiros é de
12 dólares em cada sentido.
Assim, peguei na mochila com um mínimo de roupa e uma garrafa de água e
pus-me a caminho. São mais de duas horas se formos num ritmo lento por um
trajecto muitas vezes por cima de pedras.
Cheguei a Águas Calientes pela uma da tarde e, depois de me instalar num
Hotel e comprar os bilhetes de entrada em Matchu Picchu para o dia seguinte e
de autocarro para subir até lá, poupando-me a uma escalada íngreme em degraus
de hora e meia, fui almoçar a um dos restaurantes junto á estação dum comboio
que parece extraído de um livro de Agatha Christie.
Madruguei na manhã seguinte. O primeiro autocarro saía às cinco e meia da
manhã e achei que subindo nesse apanhava muito pouca gente. Quando cheguei à
paragem estava uma fila de uns 200 metros.
- Isto é sempre assim?, perguntei á menina do café junto onde decidi tomar
o pequeno almoço.
- Sim. A fila começa a ser formada diariamente pelas três da manhã. E há
muita gente que sai de aqui às quatro a pé, ainda de noite, para lá estar na
abertura, às seis.
Felizmente esperei menos de meia hora para apanhar um dos autocarros e às
seis e um quarto estava a entrar em Machu Picchu.
Vale a pena o esforço. O lugar é mágico, principalmente pela paisagem à
volta daquela velha cidade construída pelos Incas há mais de quinhentos anos.
Estamos no alto de uma de várias montanhas praticamente inacessíveis, tal é a
inclinação das verdejantes escarpas. Magnífico. Percebi o sucesso do local
entre turistas estrangeiros e locais.
A propósito, quando estava a passear pela parte superior e, sem querer
estar obrigado a seguir um guia ía ouvindo uma e outra explicação de diferentes
guias em várias línguas, encontrei um grupo de crianças indígenas que tinha
vindo visitar Machu Picchu com professores e alguns dos pais. Estavam todos
radiantes, como se fosse um dia muito especial embora não vivessem longe de
ali. E era. Estive à conversa com uma das mães que me contou que para eles é
caríssimo deslocarem-se àquele lugar que faz parte da sua história. Disse-me
que a família dela tinha estado a poupar durante dois anos para poderem estar
ali hoje.
Espectáculo!
ResponderEliminarBeijinho, Ana
Giríssimo. Beijinhos
EliminarFiquei fã deste blogue!
ResponderEliminarParabéns pela viagem.. deve ser um sonho fazer uma coisa destas!!
:)
Um abrço
Obrigado, Pedro. Abraço
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