1 de dezembro de 2017

Machu Picchu


Os últimos 60 Km a caminho de Machu Picchu, a partir de Santa Maria até à chamada Hidroeléctrica, o fim da estrada, são em terra, através de um trajecto aberto na montanha que, em certos locais, é bastante estreito e tem, do lado esquerdo de quem vai neste sentido, um precipício de centenas de metros para um vale com um rio. A vista é fantástica mas devemos tomar o máximo cuidado para não sermos responsáveis por acrescentarem mais uma cruz às várias que se vêm nas bordas do percurso.
Chegados à Hidroeléctrica há duas soluções para chegar à aldeia de Águas Calientes, junto à subida que nos leva a Matchu Picchu: ou apanhamos um comboio que sai duas ou três vezes por dia para percorrer o percurso de 8 Km ou caminhamos junto à linha até lá chegar. Muitos dos turistas optam por esta ultima solução até porque o preço do bilhete de comboio para estrangeiros é de 12 dólares em cada sentido.
Assim, peguei na mochila com um mínimo de roupa e uma garrafa de água e pus-me a caminho. São mais de duas horas se formos num ritmo lento por um trajecto muitas vezes por cima de pedras.
Cheguei a Águas Calientes pela uma da tarde e, depois de me instalar num Hotel e comprar os bilhetes de entrada em Matchu Picchu para o dia seguinte e de autocarro para subir até lá, poupando-me a uma escalada íngreme em degraus de hora e meia, fui almoçar a um dos restaurantes junto á estação dum comboio que parece extraído de um livro de Agatha Christie.
Madruguei na manhã seguinte. O primeiro autocarro saía às cinco e meia da manhã e achei que subindo nesse apanhava muito pouca gente. Quando cheguei à paragem estava uma fila de uns 200 metros.
- Isto é sempre assim?, perguntei á menina do café junto onde decidi tomar o pequeno almoço.
- Sim. A fila começa a ser formada diariamente pelas três da manhã. E há muita gente que sai de aqui às quatro a pé, ainda de noite, para lá estar na abertura, às seis.
Felizmente esperei menos de meia hora para apanhar um dos autocarros e às seis e um quarto estava a entrar em Machu Picchu.
Vale a pena o esforço. O lugar é mágico, principalmente pela paisagem à volta daquela velha cidade construída pelos Incas há mais de quinhentos anos. Estamos no alto de uma de várias montanhas praticamente inacessíveis, tal é a inclinação das verdejantes escarpas. Magnífico. Percebi o sucesso do local entre turistas estrangeiros e locais.
A propósito, quando estava a passear pela parte superior e, sem querer estar obrigado a seguir um guia ía ouvindo uma e outra explicação de diferentes guias em várias línguas, encontrei um grupo de crianças indígenas que tinha vindo visitar Machu Picchu com professores e alguns dos pais. Estavam todos radiantes, como se fosse um dia muito especial embora não vivessem longe de ali. E era. Estive à conversa com uma das mães que me contou que para eles é caríssimo deslocarem-se àquele lugar que faz parte da sua história. Disse-me que a família dela tinha estado a poupar durante dois anos para poderem estar ali hoje.

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