Acordámos às nove e meia da manhã e, quando saímos à rua, parecia que
estávamos noutra cidade. O contraste entre o deserto nocturno, só com pequenos grupos
de rapazes com mau aspecto nas ruas, e o intenso movimento de dia, com milhares
de pessoas, carros, camiões, autocarros e motos de um lado para o outro, era
abismal.
Fomos tomar o pequeno almoço a uma pastelaria onde tinham um pão de queijo
excelente, passámos numa máquina multibanco a levantar dinheiro, que não havia
em Capurganá e estávamos os dois sem um tostão, e fomos até à alfândega, dentro
de uma base militar onde se chegava através de uma estrada de terra, tratar da
importação temporária das motos.
Aí despedimo-nos pois o Ryan seguia para Cartagena e eu para Sul, a caminho
de Medellin e Bogotá, onde iria deixar a moto antes de partir para Portugal.
Como só me despachei da alfândega às três da tarde fiz apenas cento e
cinquenta quilómetros e, antes de anoitecer, instalei-me no único Hotel que havia
na pequena vila de Mutatá. Não era mau e a diária foi o equivalente a 9 euros.
Aqui a vida é barata. Contratei uma miúda muito gira que deambulava pelo
bar do Hotel pelo equivalente a 15 euros para passar umas horas comigo e, como
ainda bebemos um par de cervejas antes e depois, acabei por me deitar só à uma
e meia da manhã.
- Porque falas tão bem espanhol?
- Porque em miúdo costumava ir muitas vezes a Espanha, com os meus pais.
- Ai em Espanha falam espanhol?
A estrada até Bogotá é linda, a maior parte através de montanhas com muita
vegetação, e dá imenso gozo fazer. Embora na sua maioria seja uma estrada de
via única em cada sentido, tem portagens, mas as motos na Colômbia, felizmente,
estão isentas.
Desde o dia anterior que vinha a sentir a moto a abanar em curva mais que o
norma e pensei que seriam os parafusos que seguram a parte de trás do quadro
que tinham voltado a ceder mas acabei por verificar, numa bomba de gasolina,
que era simplesmente o pneu traseiro que tinha perdido pressão. Vou ter que os
substituir no meu regresso à Colômbia.
Cartagena foi a capita da Colômbia até 1819, quando os espanhóis a decidiram
mudar para Bogotá que, por estar a perto de três mil metros de altitude não tem mosquitos e por isso não é afectada pelas
doenças que transportam, por os pequenos insectos não sobreviverem a estas alturas.
Para além disso, a esta altitude, Bogotá é bastante mais fresca que o
território que a rodeia e tem muito menos poluição que Medellin.
Fiquei dois dias bem instalado em casa do simpático embaixador português,
que me levou a mim e outro convidado que lá tinha, a visitar a cidade, além de
organizar um jantar com portugueses que por lá vivem.
A moto ficou guardada em casa do embaixador, quando parti de avião para
Portugal.
No final de Setembro regresso para percorrer a América do Sul.
Claro que eu tinha de comentar essa frase:
ResponderEliminar"Contratei uma miúda muito gira que deambulava pelo bar do Hotel pelo equivalente a 15 euros para passar umas horas comigo"
Isto não se escreve assim ��!
Boa viagem de regresso.
Beijinhos
Ana
Ha, ha. Como se escreve?
EliminarFrancisco, tudo de bom no regresso a casa. E, se não for antes, até Setembro.
ResponderEliminarAb
Motocicleta legal a sua... bem alta. Adorei o post, achei muito interessante.
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