Aterrei há dois dias em Bogotá, onde tinha deixado a moto nos primeiros dias
de Maio, para regressar a Portugal. No dia seguinte de manhã, um Sábado, fui à procura
de um concessionário Honda onde fazer a revisão à moto e montar o sexto jogo de
pneus, desde que saí de Portugal.
Tive a sorte de ir parar ao único na Colômbia que vendia motos de grande
cilindrada e, embora fosse muito pequeno, tinha uma “Cross Tourer” nova em
exposição e uma Africa Twin. Mais surpreendido fiquei quando me deram à escolha
duas marcas de pneus que tinham em “stock” para as medidas da minha moto.
Deixaram-me ser eu a trabalhar na moto e aproveitei para mudar velas, uma
operação que já não fazia há tempo porque tem muita mão de obra, principalmente
para substituir as dos cilindros da frente que obrigam a retirar o depósito de gasolina
e a caixa do filtro de ar que tem três
tubos ligados e serve de suporte a várias fichas eléctricas.
Deixei Bogotá a caminho do Norte pelas nove da manhã de segunda feira.
Queria visitar Cartagena e os arredores dessa Costa Atlantica que me tinham
recomendado. Segui um trajecto que vi no Google maps. Um motoqueiro que conheci
no concessionário Honda mais tarde disse-me que tinha optado por uma estrada
secundaria pouco recomendável. Comecei por descer do planalto onde fica Bogotá,
a cerca de 3.000 metros de altitude e a temperatura, num par de horas, subiu
dos 19º que estavam na capital para 27. Três dias depois, junto à costa,
estavam mais outros dez. Estou perto do equador o que resulta em temperaturas
altas todo o ano e bastante chuva e sol.
O trajecto que escolhi levou-me por estradas sensacionais através de serras
verdejantes mas, se ao princípio o piso era bom e me deu imenso gozo percorrer
aquelas estradas de curvas e contracurvas no meio de uma paisagem deslumbrante,
passados uns 200 Km a Norte de Bogotá comecei a enfrentar piso muito degradado
com pequenos troços sem alcatrão que pareciam ter sido abandonados depois de um
início de reparação e, a meio da tarde, as partes em terra começaram a
superiorizar-se às alcatroadas. Pelo caminho parei junto a uma barraca isolada
no meio da serra onde uma simpática menina preparava excelentes sumos de frutas
e mos servia com o copo de vidro em cima de uma travessa de loiça. Um requinte
que parecia desfasado do resto do país. No meio do percurso um susto quando dei
de frente com um carro em sentido contrário, a meio de uma curva, que me
obrigou a passar pelo buraco da agulha, entre o carro e uma alta berma. Foi por
um triz.
Pelas quatro da tarde cheguei à vila de Cimitarra, terra de Ganadeiros onde
decidi ficar. Tinha percorrido 300 difíceis quilómetros alguns em terra e a
maioria em estrada de montanha. A vila é horrível, com muitas das casas ainda
com as paredes em tijolo e tudo com um ar muito bera. À noite bares a meia luz
no centro da vila com música aos berros acolhiam os cowboys das ganaderias
vizinhas que descem à cidade para se divertirem.
Já tinha saudades deste Blog!
ResponderEliminarContinuação de uma boa viagem em segurança. Cá vou voltando para acompanhá-lo.
Nuno
Já esperava pela continuação da aventura. Força Francisco
ResponderEliminarObrigado, Nuno e Diogo. É mais uma etapa, até ao Natal.
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