Perto de La Paz há uma estrada de terra, estreita e com enormes
precipícios, que ficou conhecida quando, internacionalmente, decretaram que
aquela era a mais perigosa estrada do mundo, pois era ali que, todos os anos,
morria mais gente por quilómetro.
A estrada tinha camiões que a cruzavam diariamente e muitas vezes tinham
que se cruzar entre eles em zonas onde não sobrava a largura de uma roda para o
precipício. Por esse motivo o governo ou a Câmara local decretaram que naquela
estrada, e só naquela, se circularia pela esquerda, para que fosse mais fácil
aos condutores dos carros com volante à esquerda espreitarem para ver se podiam
chegar mais perto do precipício quando se cruzavam com outros carros.
Hoje em dia a estrada tornou-se principalmente um atractivo turístico. Com
a construção de uma alternativa alcatroada e segura, embora mais longa para
certos trajectos, a maior parte dos habitantes opta por essa via e a “Carretera
de la Muerte” como ainda é conhecida, é principalmente utilizada para grupos de
turistas a descerem em bicicleta, o que é perfeitamente seguro se não fizerem
nenhuma loucura. É verdade que nos últimos anos já lá ficou um ou outro mas
ainda continuam a ser os locais a manter as estatísticas, ao caírem com os
carros precipício abaixo, aumentando o numero de cruzes com flores que se
encontram pelo trajecto fora.
Não pude deixar de lá ir e acabei por fazer pequenos filmes que me
impressionaram mais quando os vi que quando por lá passei e evitei olhar para
os precipícios. Foi divertido descer a “Death Road”, como já aparece no
letreiro de entrada e a parte final, mais larga e segura, percorri-a até a um
ritmo bastante rápido.
Quando cheguei ao final, procurava um sítio para almoçar quando vejo um
tipo numa pequena moto a fazer-me imensos sinais. Era o Argentino, com quem já
me tinha cruzado duas vezes, que saíra de casa há três anos para viajar até ao
Mexico na sua pequena 125 e agora regressava. Ele tinha-se enganado, com o seu
habitual ar despistado, e ía fazer a estrada a subir, em sentido contrário à
maioria do transito mas sem problema de maior. Sentámo-nos numa esplanada
desocupada e ficamos à conversa uma meia hora antes de ele arrancar e eu mudar
para duas esplanadas à frente, onde almocei.
Tanto na chegada à “Carretera de la Muerte” como no regresso a La Paz
subimos a cerca de 4500 metros onde existe um pequeno glaciar mas a temperatura
nunca baixou dos 6º, o que é muito para que se mantenha. O que novamente me
leva a concluir que estes muitos glaciares dos Andes parecem ter os dias
contados.
Na manhã seguinte parti a caminho do Salar do Uyuni.
Sem comentários:
Enviar um comentário