29 de outubro de 2017

La Mitad del Mondo - Ecuador


Ao entrar no Ecuador, antes de apanhar a estrada principal que me levaria a Quito, fui almoçar, que eram três e meia da tarde e estava cheio de fome depois dos atrasos na fronteira, e resolvi ir visitar o cemitério de Tulcan a cidade junto à fronteira, porque um velho motard Argentino que encontrei tinha-me dito que valia a pena visitar esse cemitério onde os arbustos estão habilmente recortados em diferentes formas que representam animais ou distintas esculturas. Muito original.
Entretanto já passava das quatro da tarde de maneira que rodei mais uma hora e, ao chegar a uma cidade com um lago e Hoteis junto decidi por ali ficar. O sítio era muito giro, com vulcões extintos do outro lado do lago. No Ecuador, sendo um país pequeno, há 25 vulcões, sem contar com os da ilha de Galápagos
No dia seguinte decidi procurar na cidade uma oficina de motos onde pudesse fazer dois arranjos. Um era um dos parafusos que seguram a parte de trás do quadro e que tinha substituído no Mexico mas por uns de baixa qualidade. Andava há dias a sentir que a moto não estava a curvar tão bem como o habitual e esta manhã, quando a olhei por trás, reparei que o guarda lama estava desviado para um lado. Um dos parafusos tinha voltado a partir-se. O outro problema era uma fuga de gasolina junto ao depósito, desde que desmontei a bomba nos Estados Unidos, que ainda não consegui resolver.
Encontrei uma oficina de dois simpáticos rapazes que trataram de substituir os dois parafusos que estavam um partido e o outro quase, por uns de qualidade superior enquanto eu tratei da fuga de gasolina, obrigando-me a desmontar carenagens e tirar o depósito fora. Foi obra para quase três horas. 
No caminho para Sul parei para almoçar na cidade de Otavalo e o simpático dono de restaurante, depois de estar à conversa comigo, ofereceu-me a refeição.
Desci depois até Quito mas, já perto da cidade, fui ainda visitar dois marcos importantes onde está registada a linha imaginária do Equador naquele local.
O primeiro, mais básico, é um relógio de Sol num descampado junto à estrada montado em cima de pedras com círculos marcados que definem a hora através da sombra deste enorme tubo metálico, sendo o meio dia a altura  em que o tubo não provoca qualquer sombra.
O rapaz que me mostrou este enorme relógio de Sol falou-me numa coisa interessante que só há pouco tempo tinha lido algures e refere-se ao facto de nós erradamente definirmos o Polo Norte como estando na parte de cima da terra e o Polo Sul na parte de baixo quando, na realidade, a terra em relação ao Universo não tem parte de cima ou de baixo definidas. Eles ali exibiam um mapa mundo projectado transversalmente em relação ao que estamos habituados que, segundo eles, é como deveria ser mostrada a terra em projecção.
Há pouco tempo li que quando um astronauta enviou recentemente uma fotografia da terra, no centro da Nasa viraram a fotografia de modo que o Polo Norte ficasse para cima, para não confundir as pessoas mas na prática não há razão para ser assim.
Este local do Relógio de Sol tem uma placa, colocada por astrónomos americanos há quatro meses atrás, a definirem um ponto exacto onde passa o equador.
O mesmo não se passa no segundo sítio que visitei e que é mais famoso. É uma vila que se chama La Mitad del Mundo e tem um monumento e uma linha marcada no chão onde supostamente passa o Ecuador, dividindo o mundo em dois.
Em Quito instalei-me no simpático Hotel recomendado pelo meu amigo equatoriano que tinha encontrado a primeira vez em Ipiales e, por coincidência, mais duas vezes, uma na própria fronteira no dia seguinte de manhã e outra na oficina, junto à estrada principal, onde reparei a moto.

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