23 de agosto de 2016

Minakuchi - Honshu - Japan


Em Kyoto comecei por visitar Gion, o tal bairro das Gueixas. Ás vezes encontram-se na rua, todas produzidas mas, como não vi nenhuma, pedi a duas meninas vestidas com trajes tradicionais para tirarem uma fotografia ao pé da moto.
- “Não são verdadeiras gueixas? Oh, que pena”.
Deixei a moto estacionada no passeio e fui a um parque tirar umas fotografias. Quando voltei tinha dois policias de volta da moto, a olharem muito para a matricula portuguesa com cara de quem não sabiam o que fazer com aquele caso. Ficaram com um ar aliviado quando eu cheguei e puderam explicar que no Japão não se pode parar no passeio e logo me mandarem seguir, satisfeitos.
É curioso que em todo o Japão não se podem parar os carros na estrada junto ao passeio, tendo toda a gente que tem carro obrigação de ter um espaço previsto para o estacionar. Quando vão a algum lado têm sempre que o deixar em estacionamentos, normalmente pagos mas nunca junto ao passeio. Até porque a maioria das estradas só tem uma via para cada lado, com o tal traço continuo ao meio, de maneira que não há espaço para estacionamentos. O mesmo se aplica às motos que não podem ser paradas em qualquer lado. Tenho infringido algumas vezes esta regra porque eles acho que não sabem como multar uma moto ou carro com matricula estrangeira.
De Gion parti a ver o Templo dourado, que antes foi coberto a folha de ouro pelo seu proprietário mas depois do ultimo restauro está simplesmente pintado de dourado. A imagem é bonita porque o local onde está, junto a um lago, também é fantástico.
Nos restauros dos templos reparei que os japoneses não se preocuparam muito com a originalidade, aliás porque muitas vezes não sabem exatamente como era por dentro, por exemplo. Assim fazem uns restauros à sua maneira muitas das vezes utilizando pormenores como pedra cortada à moderna no chão ou outros pormenores que para quem aprecia bons restauros escandaliza um pouco.
Depois do Templo Dourado ainda fui dar um passeio pela floresta de bamboo, em Arashiyama. Muito gira.
Nesse dia deixei Kyoto pelas quatro da tarde e pus-me a caminho de Tokyo onde saberia que só chegaria dois ou três dias depois. Evitando as auto estradas aqui na ilha principal fazem-se médias muito baixas pois há semáforos a cada 300 metros, e como os carros se arrastam a 40 ou 50 Km/h por todas as estradas o transito torna-se infernal, mesmo de moto. De carro nem quero imaginar o que passam. Qualquer pequeno cruzamento tem direito a semáforos e eles, quando calculam o tempo que se demora a fazer certa distancia, é sempre a médias de 20, 25 Km/h. De moto vou mais rápido mas muitas vezes nestas estradas fiz médias que não ultrapassaram os 40 Km/h.
Assim, passadas duas horas tinha percorrido pouco mais de 70 Km e decidi instalar-me num hotel que encontrei à beira da estrada.
Quando saí para jantar já passava das oito e meia e a gerente do Hotel achou que se calhar já não me serviam. Então propôs-se vir comigo até ao Restaurante.
- Vem jantar comigo?, perguntei.
- Não, vou só acompanhá-lo até lá. É a cinco minutos de aqui.
Nunca me tinha acontecido uma cena destas. Lá veio comigo até ao Restaurante, pediu-lhes que ainda me servissem jantar, por a cozinha já estar supostamente fechada, ajudou-me a escolher a ementa e despediu-se. Único.
No dia seguinte foi a mulher que limpava os quartos que se desfez em vénias quando eu saí do quarto. Acompanhou-me até ao elevador em pequenas vénias, sempre a dizer coisas em japonês que deviam ser maravilhosas de ouvir, chamou o elevador para mim e, quando eu entrei fez uma única vénia mas em que o corpo fez um ângulo de 90º na cintura e assim ficou. Temi que se desequilibrasse e se estatelasse no chão.
Este género de cenas só se passam nestas pequenas terras de província onde, quando aparece um estrangeiro, ficam numa excitação. Nas grandes cidades são  mais comedidas e as vénias mais reduzidas, o que é uma pena.

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