A Ilha de Flores
foi uma colónia portuguesa desde que aí desembarcámos no século XVI mas, em 1851,
o governador Lima Lopes, a atravessar dificuldades financeiras e sem apoio da
casa real, vendeu grande parte da ilha aos Holandeses que, três anos mais tarde,
ocuparam a totalidade do território.
Durante a segunda guerra mundial a ilha foi invadida
pelos japoneses mas, com o fim da guerra, passou a fazer parte da Indonésia.
Os portugueses,
ao contrário dos holandeses, misturavam-se com as populações locais e deixaram
por lá não só nomes de famílias como a religião católica. Quase todos os perto
de dois milhões de habitantes da ilha são católicos.
A estrada que
apanhei para sair do porto de Labuan Bajo começava por subir uma serra num
trajeto muito sinuoso e traiçoeiro, com várias partes em obras, pequenos troços
em terra, desníveis no alcatrão e zonas a escorregarem muito. Já não chovia mas
o alcatrão ainda estava encharcado. Passava pouco das quatro da manhã e não se
via ninguém nem um único carro. Durante a primeira hora só me cruzei com um camião e duas “scooters”, que rodavam juntas.
Fui andando devagar e achei graça ver algumas casas muito humildes com
iluminações de Natal.
Quando o dia
começou a nascer, pelas cinco e meia, fiquei encantado com a beleza da paisagem
que me rodeava. Muita vegetação e vales lindos. Um grande lago lá em baixo, com
as margens a ziguezaguearem pela serra, produzia uma imagem de autentico
bilhete postal.
Pelas sete da
manhã parei num pequeno restaurante que tinha um ar mais limpo que os outros e
tomei um pequeno almoço de arroz com grelos e um ovo cozido.
Segui depois até
Ruteng. Cerca das dez da manhã começou a dar-me o sono e voltei a parar para beber uma laranjada. Eram onze quando
cheguei a Aimere, a vila onde embarcaria para o próximo destino. Comecei por ir
ao porto saber quando tinha barco para West Timor, a parte da ilha que pertence
à Indonésia. Disseram-me que sairia um no dia seguinte às oito da manhã.
Fui então à
procura de sítio onde ficar e indicaram-me um pequeno “resort” com cabanas junto
à praia, a meia dúzia de quilómetros.
O dono,
descendente de portugueses embora não falasse a língua, chamava-se Francisco
Rosário.
Instalei-me e fui
para o bar, junto à praia deserta, onde fiquei a ler e tomei vários banhos naquela
água morna durante o resto do dia. Era o único cliente mas ao fim da tarde
chegou uma simpática italiana que explora uma empresa de mergulho na ilha e com
quem jantei um excelente peixe apanhado no dia e cozinhado pelo Francisco.
Deitei-me cedo e
acordei às seis da manhã. Tomei o pequeno almoço no bar da praia e segui para o
porto. Comprei o bilhete e enquanto esperava no meio de gente e tralha para
embarcar apareceu o Francisco, na sua moto, que me disse para eu o seguir que
me ajudava a passar à frente da confusão. Parecia dono do porto. Fui atrás dele
até à rampa de acesso e aí deu indicações para mandarem a minha moto entrar.
Despedi-me e embarquei.
É sempre preciso "good connections".
ResponderEliminarAna