O Salar do Uyuni é espectacular. São quase 11.000 Km2 de uma placa de sal
espessa e rugosa que cria uma paisagem extraordinária. Um casal de Coreanos que
conheci naquela noite antes de partir,
quando decidi ir comer uma sopa a um restaurante na esquina, estava fascinado
com a ideia de partirem dentro de meia hora para uma visita nocturna ao Salar.
- Qual é a graça? Perguntei eu ao guia no dia seguinte
- É que o ceú estrelado fica com uma clareza impressionante sobre o Salar.
Há fotografias tiradas por astronautas que mostram aquela zona da terra
como uma luz branca brilhante.
Entretanto chegaram à conclusão recente que aqui estão entre 50 a 70% das
reservas de Lithium existentes na terra, o metal valiosíssimo que se utiliza
nas baterias dos carros eléctricos e outras. Em 2018 começará a ser extraído, o
que pode vir a enriquecer muito o país, se souberem e conseguirem controlar a
corrupção.
Saí então para o salar com um grupo de dois casais ingleses e duas alemãs
que viajavam num jipe conduzido pelo guia Boliviano. Passámos antes a visitar
um cemitério de comboios depositados numa zona do deserto, com dezenas de
máquinas a vapor.
Já no salar fazemos a primeira meia dúzia de quilómetros e paramos junto a
uma estátua em sal que representa a passagem do Rally Dakar por aquele local.
Ao lado está uma zona com bandeiras de várias dezenas de nacionalidades,
supostamente dos concorrentes que entraram na prova. Lá consegui encontrar a
portuguesa e quando pedi a uma francesa que também estava no nosso grupo,
noutro jipe, para me tirar a fotografia ela referiu que não existia ali uma
bandeira francesa.
- Não pode ser, vamos ver. Não havia mesmo. Provavelmente alguém a levou.
Almoçamos no restaurante construído com blocos de sal que ali existe. Esta
zona é até onde a maioria dos motards vêm para tirar fotografias e regressar a
Uyuni pois pode aqui chegar-se sem guia e regressar. Nós atravessámos para o
outro lado do Salar. É extraordinário acelerar de moto por cima daquele espaço
branco a perder de vista. Por várias vezes passei o Jipe e acelerei, deserto de
sal dentro, até mais de 200 Km/h. Mais do que atingem as motos do Dakar.
Sensacional. O problema é que o piso de sal é muito abrasivo e não pude manter
essa velocidade por muito tempo pois os pneus aquecem e levam um grande
desgaste.
A meio da tarde chegamos ao que eles chamam uma ilha, e que o terá sido,
quando aquilo foi um mar. O que é interessante é que na época de chuvas o Salar
volta a ter água, que chega a atingir vinte a trinta centímetros de
profundidade e deixa o local intransitável, até a água se infiltrar na camada
de sal e este voltar a secar.
A ilha, em rochas e terra, terá uns setenta metros de altura e a vegetação
é maioritariamente de cactos. Pequenos pássaros vivem naquele local inóspito.
Espectacular... e ainda ontem lhe falei no Dakar. Adorei essa escultura! Mas Dakar é em Africa, forever!
ResponderEliminarBeijinhos, gostei!
Ana