Em Guadalajara visitei a Catedral que é imponente, como várias aqui no
Mexico e o Palácio do Governo que exibia uma interessante exposição sobre a
história daquela província de Jalisco além de dois fantásticos murais do
artista local
Jose Clemente Orozco.
Da parte da tarde parti em direcção a San Miguel de Allende que me tinham
recomendado visitar mas acabei por ficar a caminho, na cidade de Léon. A cidade
é horrível e o primeiro Hotel em que parei também tinha as tabelas de aluguer
de quartos por hora. No rés do chão um empregado lavava o chão de um bar, ainda
fechado àquela hora, que prometia muitas luzes a animação. Disseram-me que
podia ficar a noite toda por um preço simpático e pedi para ver o quarto. Lá
fui escada acima acompanhado por uma empregada de limpeza, magrinha e baixinha,
indiferente aos gemidos de prazer teatral que se ouviam saídos dos quartos ao
longo do corredor. Como se aquilo fosse uma espécie de cassete a que ela se habituara. O quarto não tinha janelas e fugi para não ter uma depressão.
Acabei por encontrar um Hotel no centro mais normal mas em que quase apanhei um
torcicolo de altas que eram as almofadas enquanto o duche atirava água para o
tecto e as paredes, com a pouca que me caía em cima a vir ora gelada ora a ferver. Próximo do inferno.
Da parte da tarde parti para San Miguel de Allende uma terra também
encantadora mas mais turística, com lojas modernas de pintura e outro tipo de
artes e antiguidades exploradas, muitas delas, por franceses ou canadianos. As
ruas são em calçada polida irregular, pouco adaptadas à moto. Tinha parado na
entrada da cidade junto ao primeiro Hotel que encontrei. Ao lado estacionou uma
Ford Pick-up preta, dos anos 50, impecavelmente restaurada, com duas americanas
loiras, de jeans usados e rasgados e chapéus de feltro. Tinham empenado uma
jante num buraco da cidade e tentavam, na loja de pneus ao lado, que lhes
dessem um jeito.
O Hotel era caro e resolvi ir até ao Centro à procura de alternativa. Já
nas ruas estreitas de calçada parei junto a uma pequena esplanada, atrapalhando
um pouco o transito e fui beber uma cerveja. A cidade é pequena e passados uns
dez minutos as americanas vieram sentar-se na mesa ao lado.
- Gosto do seu caro
- A Ford? perguntou ela.
- Sim
- Tenho também uma branca, que está á venda.
- Não tenho onde a levar. Vieram dos Estados Unidos nela?
- Não. Eu vivo aqui.
Parti à procura de Hotel. Depois de passar por vários com ar de luxo
rústico e caro parei à porta de um com uma porta estreita e as paredes
interiores do corredor em rampa com feios azulejos. Toquei à campainha. Um
homem magro de barbas com um ar simpático veio abrir-me a porta. Percebi que
era o dono.
-Têm quartos disponíveis?
- Quando custa o single por uma noite?
- 780 Pesos
- Não, obrigado. Estou à procura de alguma coisa mais barata?
- Até quanto?
- Uns 600 Pesos
- Faço-lhe esse valor, respondeu de imediato. Tenho vários quartos livres.
Olhando para uma porta de garagem que havia ao lado perguntei
- E posso guardar a moto na garagem?
- Não. Não é minha.
- Então não dá. Não posso deixar a moto na rua.
- Não há problema. Entra pelo corredor e põe-na na entrada. Tenho uma rampa
para subir o passeio.
E lá entrei com a moto a trabalhar para dentro do Hotel, rampa a cima,
depois de desmontar as malas para passar na estreita porta e corredor, com uns
dez metros de comprimento, para um mini hall de entrada onde mal tinha espaço
para desmontar da moto. Ali passou a noite e a manhã do dia seguinte.
Está a correr bem Francisco!
ResponderEliminarBoa viagem, Bjs
Ana
Sim, na boa. Embora ande um bocado atrasado em relação ao previsto. Mas vou sem pressas e logo se vê onde chego para o mês que vem. Beijinhos
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