23 de novembro de 2013

Dhaka - 2



Estou há uma semana em Dhaka, não só a tentar obter autorização para a moto entrar no Bangladesh como visto para Myanmar, tarefas quase impossíveis mas que espero conseguir resolver brevemente.
Aqui, a agravar o problema que já existia de exigirem uma garantia bancária para a moto entrar, têm medo que eu ande sozinho pelo país.
Têm eleições dentro de pouco mais de um mês e a tenção política é grande. O governo do país tem rodado, tal como em Portugal, entre dois partidos, aqui chefiados por duas mulheres. A atual Primeiro Ministro é filha de Mujibur Rahman o primeiro governante e fundador da nação, enquanto a líder da oposição, Khaleda Zia, é mulher do segundo presidente eleito, ambos assassinados.
O partido da oposição, por chegar à conclusão que tinha poucas hipóteses de ganhar, decidiu boicotar as eleições se o governo não remodelasse significativamente o atual elenco e para mostrarem que falavam a sério decretaram, a semana passada, três dias de greve geral em que todo e qualquer veículo era proibido de circular nas estradas.
Eles aqui não estão com meias medidas e alguns dos que foram apanhados a circular pegaram-lhes fogo com condutores e passageiros lá dentro. Resultado: 70 feridos e mais de vinte mortos.
A Primeiro Ministro veio ontem acusar a sua rival de assassina e disse que um dia seria julgada por essas mortes. O clima aqueceu e para a semana prevêem-se mais uns dias de greve durante os quais acho preferível deixar a moto parada. Vamos ver o que isto dá.
Entretanto em Dhaka continuo com reuniões quase diárias, com vários elementos governamentais, para tentar que me deixem atravessar o país com a moto, no intervalo das greves.
Ontem estava a ver o caso mal parado porque o Cônsul me deu a entender que ele próprio estava com medo que eu me fizesse à estrada e lhe causasse problemas mas hoje de manhã convenci-o a voltar a pegar no assunto e amanhã regresso com um dos seus homens a uma espécie de Ministério da Economia a que chamam National Board of Revenue e que parece ser onde se tomam todas as decisões envolvendo dinheiros públicos neste país.
A alternativa que se apresenta a atravessar o Bangladesh não só me obriga a fazer mais 1000 Km pelas terríveis estradas do Norte da India como a circular muitos mais quilómetros numa zona oriental da Índia que em parte é controlada por rebeldes que pretendem a independência dessa região e onde tem havido muitos conflitos.
E como aqui Sábado é o dia de folga hoje fui passear pela cidade, que Domingo trabalha-se. Visitei a parte antiga, que não tem muita graça para além do movimento das ruas com velhas lojas de tudo quanto há e “rickshaws” a pedal a entupirem o transito no meio de homens com cestos cheios de galinhas vivas ou uma vaca a ser transportada muito incomodamente numa pequena carrinha de caixa aberta. Enfim, de tudo um pouco.
Almocei por ali e à tarde fui visitar o National Museum. O país tem pouco mais de quarenta anos de vida e por isso têm que inventar coisas para mostrar. Além da flora, que inclui um cacho de bananas em exposição, e da fauna, com tigres embalsamados e o esqueleto do que provavelmente terá sido a única baleia que foi parar aquelas águas, passando por armas antigas e outras banalidades, têm uma exposição de retratos pintados de pessoas famosas onde, entre os cerca de 50, que incluem Einstein, Picasso, Edisson, etc., está Vasco da Gama, que andou por estas bandas.
Finalmente o mais interessante é a fantástica coleção de fotografias e copias de capas de jornais ampliadas que contam a história da conquista da independência, em 1971, depois da chacina a que foram sujeitos pelo Paquistão e que só acabou quando a Índia veio em seu auxilio depois de muita pressão internacional que incluiu um concerto organizado pelo George Harrison.  

2 comentários:

  1. Meu Caro, sorte para si. Quanto ao que ver, que comer e onde dormir TripAdvisor p'ra frente.

    1. http://www.tripadvisor.com/Tourism-g293936-Dhaka_City_Dhaka_Division-Vacations.html

    2. http://www.tripadvisor.com.br/Restaurants-g667479-Dhaka_Division.html

    Para outras cidades/localidades basta alterar a busca em cima.

    João Almeida
    Lisboa

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  2. Cuidado, não invente e obedeça às regras do país em greve. Boa sorte a obter a autorização. Ana

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