Ontem saí do
“Lodge” na selva, a caminho de Katmandu, por volta do meio dia. Tinha cerca de
180 Km para fazer mas avisaram-me que não eram fáceis. Os turistas que lá
estavam tinham vindo de Katmandu de avião porque as carrinhas demoram perto de
seis horas para percorrerem aquelas duas centenas de quilómetros. Percebi porquê.
A estrada tem paisagens lindas através dos Himalayas mas é um inferno de
alcatrão muito esburacado, com partes em terra e lama e transito de camiões podres
às centenas, que se arrastam. Por vezes um fica atolado nas partes mais
lamacentas e criam-se filas de quilómetros que só as motos conseguem passar a
muito custo, até desimpedirem a estrada. Demorei quatro horas a chegar a Katmandu.
Já não se vêm
hippies a cair pelos cantos com seringas espetadas nos braços mas a cidade é
feia, muito suja e com muitas ruas em terra e muito transito a levantar um pó
que nos entra pelos ouvidos. A maioria dos polícias e alguma da população
desloca-se de máscaras na cara. Instalei-me em Themal, um bairro de ruas
estreitas onde estão a maioria dos hotéis. Vêm-se turistas de todas as
nacionalidade que partem manhã cedo em grupos reunidos em carrinhas de nove
lugares, para irem fazer caminhadas pelas montanhas, regressando ao fim do dia.
A cidade tem pouco que ver para além de alguns templos religiosos. Fui visitar
o principal de Buddha, que no alto de um monte, nos obriga a subir tantos
degraus como os dias do ano. Um jovem
guia contou-me que o templo existe há 2500 anos mas como a maioria da população
é Hindu, de há uns séculos para cá tem mistura de partes budistas com Hindus,
com os vários deuses a compartirem o espaço.
Buddha nasceu
cerca de 500 anos antes de cristo em Lumbini, uma cidade que agora faz parte do
Nepal. Do alto do templo a vista sobre a cidade, de prédios baixos mas
decrépitos que se estende a perder de vista, com os Himalayas ao fundo, é
impressionante.
O Nepal é um país
muito pobre que vive das remessas de emigrantes (cerca 10% dos 27 milhões de
habitantes), da agricultura e do turismo.
Mas Katmandu
também pode surpreender e ontem, quando à noite procurava um restaurante para
jantar no meio das ruas de terra estreitas e pouco iluminadas, fui atraído pela sinalização e
aspecto exterior de um restaurante no fim de um beco: “New Orleans”. Fui até lá
e parecia ter entrado num restaurante de Nova Yorque, com um ambiente
fantástico, bem decorado e óptima música.
Hoje, quando
voltei do templo, também decidi ir almoçar a um que a fachada me tinha chamado a
atenção quando passei de moto, e fiquei deslumbrado. Em pleno centro de
Katmandu, do meio da confusão surge um letreiro dourado bem polido que indica
“Dream Gardens”. Entrei e deparei com este restaurante que vêm na fotografia
montado no que terá sido uma casa fabulosa, com um bem tratado jardim que ocupa
quase um quarteirão. Fantástico.
Amanhã parto a
caminho do Butão. Embora sejam pouco mais de 800 Km, com a passagem de duas
fronteiras, (volto a entrar na India, desta vez pelo lado oriental do Nepal)
devo demorar 4 dias a lá chegar.
Pensei que Katmandu fosse mais "zen".
ResponderEliminarCalma nestes 4 dias... e boa viagem.
Ana