11 de setembro de 2013

Katmandu




Ontem saí do “Lodge” na selva, a caminho de Katmandu, por volta do meio dia. Tinha cerca de 180 Km para fazer mas avisaram-me que não eram fáceis. Os turistas que lá estavam tinham vindo de Katmandu de avião porque as carrinhas demoram perto de seis horas para percorrerem aquelas duas centenas de quilómetros. Percebi porquê. A estrada tem paisagens lindas através dos Himalayas mas é um inferno de alcatrão muito esburacado, com partes em terra e lama e transito de camiões podres às centenas, que se arrastam. Por vezes um fica atolado nas partes mais lamacentas e criam-se filas de quilómetros que só as motos conseguem passar a muito custo, até desimpedirem a estrada. Demorei quatro horas a chegar a Katmandu.
Já não se vêm hippies a cair pelos cantos com seringas espetadas nos braços mas a cidade é feia, muito suja e com muitas ruas em terra e muito transito a levantar um pó que nos entra pelos ouvidos. A maioria dos polícias e alguma da população desloca-se de máscaras na cara. Instalei-me em Themal, um bairro de ruas estreitas onde estão a maioria dos hotéis. Vêm-se turistas de todas as nacionalidade que partem manhã cedo em grupos reunidos em carrinhas de nove lugares, para irem fazer caminhadas pelas montanhas, regressando ao fim do dia. A cidade tem pouco que ver para além de alguns templos religiosos. Fui visitar o principal de Buddha, que no alto de um monte, nos obriga a subir tantos degraus como os dias do ano.  Um jovem guia contou-me que o templo existe há 2500 anos mas como a maioria da população é Hindu, de há uns séculos para cá tem mistura de partes budistas com Hindus, com os vários deuses a compartirem o espaço.
Buddha nasceu cerca de 500 anos antes de cristo em Lumbini, uma cidade que agora faz parte do Nepal. Do alto do templo a vista sobre a cidade, de prédios baixos mas decrépitos que se estende a perder de vista, com os Himalayas ao fundo, é impressionante.
O Nepal é um país muito pobre que vive das remessas de emigrantes (cerca 10% dos 27 milhões de habitantes), da agricultura e do turismo.
Mas Katmandu também pode surpreender e ontem, quando à noite procurava um restaurante para jantar no meio das ruas de terra estreitas e pouco  iluminadas, fui atraído pela sinalização e aspecto exterior de um restaurante no fim de um beco: “New Orleans”. Fui até lá e parecia ter entrado num restaurante de Nova Yorque, com um ambiente fantástico, bem decorado e óptima música.
Hoje, quando voltei do templo, também decidi ir almoçar a um que a fachada me tinha chamado a atenção quando passei de moto, e fiquei deslumbrado. Em pleno centro de Katmandu, do meio da confusão surge um letreiro dourado bem polido que indica “Dream Gardens”. Entrei e deparei com este restaurante que vêm na fotografia montado no que terá sido uma casa fabulosa, com um bem tratado jardim que ocupa quase um quarteirão. Fantástico.
Amanhã parto a caminho do Butão. Embora sejam pouco mais de 800 Km, com a passagem de duas fronteiras, (volto a entrar na India, desta vez pelo lado oriental do Nepal) devo demorar 4 dias a lá chegar.


1 comentário:

  1. Pensei que Katmandu fosse mais "zen".
    Calma nestes 4 dias... e boa viagem.
    Ana

    ResponderEliminar