26 de outubro de 2012

26 Outubro


Saí de Tirana pelas dez da manhã com o sol a que já me habituei. Na balburdia do transito da capital ao meu lado no sinal encarnado está um velho numa scooter com as duas netas à pendura, com os seus oito e nove anos. Giríssimas, a caminho do colégio, com as mochilas às costas. Os três sem capacete, claro. Aliás a única 50 que vi em que o condutor levava capacete foi no campo e atrás trazia a mulher, essa sem capacete e sentada à amazona. Era uma imagem de que já não me lembrava mas que se via em Portugal no final dos anos 60.

Entro no que eles chamam autoestrada a caminho de Berat, uma cidade fortificada pelos romanos em 200 AC e que foi classificada como património mundial pela Unesco.

A auto estrada tanto tem separador central como não, não tem traços marcados no piso e desde carros parados nas bermas até pessoas a pé e scooters a circularem em sentido contrário há de tudo. O piso aqui nem é mau mas a auto estrada acaba de repente com uma camioneta atravessada no meio da estrada, a vender cebolas. Do outro lado ainda não há estrada e passo por um caminho de terra para a antiga estrada, muito esburacada.

Poço de petroleo na Albania
As vilas e cidades são tão feias que não há discrição. Temos a sensação que para remediar o país só deitando tudo a abaixo e construindo de novo. E a Albania não é tão pobre como parece. Têm petróleo, embora em pequenas quantidades, aliás esta fotografia é de um verdadeiro poço de petróleo que há uma semana estava a funcionar e agora, segundo me disseram os responsáveis, estavam a tratar de trocar a bomba por uma mais moderna, têm gaz natural, alguns minérios e são autosuficientes na agricultura. Vivem com pouco mas a única coisa a que não resistem é um Mercedes. É de longe o carro que se vê mais, mesmo se muitos deles são 124’s com vinte anos, certamente comprados usados na Alemanha, mas também há recentes e vi vários classe S em Tirana, BMW’s X5 e X6 e por aí fora. Penso sinceramente que a percentagem de Mercedes é maior que na Alemanha. No fundo é um pouco o espírito dos portugueses: Mercedes à porta da barraca.

Ao fim da manhã visitei o castelo de Berat, e as casas que tem dentro as únicas construções bonitas que encontrei na Albania.

Da parte da tarde decidi cortar caminho por uma estrada secundária e fiz quarenta quilómetros numa hora numa combinação de estrada alcatroada muito esburacada com estradas de terra também cheias de buracos. A Cross Tourer levou uma grande coça mas aguentou-se. O meu pânico era ter um furo mas os pneus também resistiram ao mau tratamento. A parte positiva foi que me habituei a guiar este tanque com mais de 300 Kg em todo o terreno e já estou muito mais à vontade neste tipo de piso.

Só que de repente o sol começou a por-se e eu só via montanhas à minha volta, sem fim à vista. Finalmente encontrei uma vila onde me disseram que teria que fazer mais 100 Km para chegar onde queria. Fiz-me à estrada mas 30 quilómetros depois, saído do nada, um Hotel junto a uma bomba de gasolina onde fiquei instalado. 15 euros pelo quarto. Espectáculo.

1 comentário:

  1. Os Mercedes há muitos anos, mesmo em Africa, eram preferidos näo só pelo estatuto de prestígio mas também pela sua resistência aos anos de uso, com manutençäo mínima.

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