Saí de Tirana pelas dez da manhã com o sol a que já me habituei. Na balburdia do transito da capital ao meu lado no sinal encarnado está um velho numa scooter com as duas netas à pendura, com os seus oito e nove anos. Giríssimas, a caminho do colégio, com as mochilas às costas. Os três sem capacete, claro. Aliás a única 50 que vi em que o condutor levava capacete foi no campo e atrás trazia a mulher, essa sem capacete e sentada à amazona. Era uma imagem de que já não me lembrava mas que se via em Portugal no final dos anos 60.
Entro no que eles chamam autoestrada a caminho de Berat, uma cidade fortificada pelos romanos em 200 AC e que foi classificada como património mundial pela Unesco.
A auto estrada tanto tem separador central como não, não tem traços marcados no piso e desde carros parados nas bermas até pessoas a pé e scooters a circularem em sentido contrário há de tudo. O piso aqui nem é mau mas a auto estrada acaba de repente com uma camioneta atravessada no meio da estrada, a vender cebolas. Do outro lado ainda não há estrada e passo por um caminho de terra para a antiga estrada, muito esburacada.
Poço de petroleo na Albania
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As vilas e cidades são tão feias que não há discrição. Temos a sensação que para remediar o país só deitando tudo a abaixo e construindo de novo. E a Albania não é tão pobre como parece. Têm petróleo, embora em pequenas quantidades, aliás esta fotografia é de um verdadeiro poço de petróleo que há uma semana estava a funcionar e agora, segundo me disseram os responsáveis, estavam a tratar de trocar a bomba por uma mais moderna, têm gaz natural, alguns minérios e são autosuficientes na agricultura. Vivem com pouco mas a única coisa a que não resistem é um Mercedes. É de longe o carro que se vê mais, mesmo se muitos deles são 124’s com vinte anos, certamente comprados usados na Alemanha, mas também há recentes e vi vários classe S em Tirana, BMW’s X5 e X6 e por aí fora. Penso sinceramente que a percentagem de Mercedes é maior que na Alemanha. No fundo é um pouco o espírito dos portugueses: Mercedes à porta da barraca.
Ao fim da manhã visitei o castelo de Berat, e as casas que tem dentro as únicas construções bonitas que encontrei na Albania.
Da parte da tarde decidi cortar caminho por uma estrada secundária e fiz quarenta quilómetros numa hora numa combinação de estrada alcatroada muito esburacada com estradas de terra também cheias de buracos. A Cross Tourer levou uma grande coça mas aguentou-se. O meu pânico era ter um furo mas os pneus também resistiram ao mau tratamento. A parte positiva foi que me habituei a guiar este tanque com mais de 300 Kg em todo o terreno e já estou muito mais à vontade neste tipo de piso.
Só que de repente o sol começou a por-se e eu só via montanhas à minha volta, sem fim à vista. Finalmente encontrei uma vila onde me disseram que teria que fazer mais 100 Km para chegar onde queria. Fiz-me à estrada mas 30 quilómetros depois, saído do nada, um Hotel junto a uma bomba de gasolina onde fiquei instalado. 15 euros pelo quarto. Espectáculo.
Os Mercedes há muitos anos, mesmo em Africa, eram preferidos näo só pelo estatuto de prestígio mas também pela sua resistência aos anos de uso, com manutençäo mínima.
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