Choveu muito durante a noite mas dormi bem. Quando estava a sair, pelas dez
e meia da manhã, já voltava a americana da sua exploração matinal aos lagartos.
- “Vais já hoje embora? Nããão”.
Arranquei com um dia cinzento a caminho de Millaa Millaa onde me disseram
haver umas cascatas fantásticas. De facto, num espaço de quinze quilómetros
visitei três cascatas, duas delas fabulosas.
Parti depois em direção à costa, já a sul de Cairns. Fui primeiro até
Mission Beach, onde almocei um hamburger excelente num café muito giro junto à
praia e depois passei em Etty Bay, onde me tinham dito que havia um "camping" junto
à praia muito simpático. Afinal tinha muita pouca graça e a dona não era muito
simpática de maneira que decidi não ficar.
Ali havia pessoas a tomar banho no mar mas numa zona protegida por uma
rede, provavelmente não só para tubarões mas também para estas alforrecas
venenosas que são o terror do momento e matam mais que tubarões.
As pessoas, de um modo geral, são muito simpáticas aqui na Australia. Fazem
um pouco lembrar-me a primeira vez que entrei num bar em Nova Iorque. A mulher
virou-se para mim e disse efusivamente: “Olá, como é que você está hoje?” e eu pensei: está a confundir-me com alguém.
Só depois vi que tratava da mesma forma toda a gente que passasse aquela porta.
Aqui é a mesma coisa. Todas falam como se nos conhecessem lindamente. Ontem num
supermercado até fiquei atrapalhado com a maneira como a menina da caixa me
disse aquilo com uma voz sexy e olhos nos olhos. Pensei, bolas, se tratas assim
todos os clientes deve ser um desassossego. Quando estava a pagar já estava a
convidá-la para vir dar um mergulho ao lago e ela a dizer-me que tinha lá
estado essa manhã e a água estava optima.
Os homens que encontramos na rua aqui pela província também falam quase
sempre: “Hi, mate. How are you today?”
Ficamos com a sensação de um “easy going” da maioria da população. Eles no
fundo vivem bem, de um modo geral, e não devem ter muitas preocupações.
Nas vilas e cidades costeiras, até em Sydney, é curioso ver bastante gente
descalça, homens, mulheres e principalmente crianças. Quando têm entre cinco e
oito anos andam quase sempre descalços pela rua, mesmo quando a mãe que as
acompanha usa sapatos ou havaianas.
No entanto já vi vários restaurantes, que nunca são muito sofisticados, com
letreiros à porta a dizerem: “No shoes, no shirt, no food”.
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