12 de dezembro de 2015

Cairns - 2


Saí do “camping” só por volta das onze horas e decidi dar um passeio pela região, através das fantásticas estradas de montanha por entre a floresta. Fui visitar uma velha cidade mineira, onde a simpática mulher do centro de informações, quando lhe disse que era português, me contou que fazia parte do grupo que, em Melbourne, contestou a ocupação indonésia de Timor. Organizavam manifestações e eram muito ativas. Disse-me que todas as mulheres do grupo, que na altura teriam vinte e poucos anos, estavam fascinadas com o Xanana Gusmão. “Ele a lutar no mato”, dizia-me ela com um ar encantado. “E casou com uma australiana”, acrescentou.
Da parte da tarde fiz um corta mato por uma estrada de terra através de campos verdes, numa paisagem que podia ser austríaca, para ir ver o lago Eacham, que se formou numa cratera de vulcão e onde bastante gente aproveita para dar uns mergulhos, mesmo com este tempo chuvoso, pois a água é morna.
Instalei-me num pequeno “camping” muito giro por ter muitas árvores e ser inclinado até um lago em baixo.
Junto a esse lago estava montada uma tenda grande em lona verde tropa com duas cadeiras de pano à porta, deixadas à chuva, que parecia de um explorador africano. Encontrei-me com a miúda que a ocupava quando preparávamos os nossos jantares na cozinha do “camping”. Uma americana, divertida, que ficou fascinada quando lhe disse que tinha vindo de moto de Portugal. “that’s cool”.
Estava ali a viver sozinha há um mês, a fazer um estudo para a Universidade sobre uns lagartos que há junto ao lago.
A noite prometia chuva e frio e a velhota dona do “camping”, muito simpática, veio oferecer-nos cobertores e almofadas.

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