Saí do “camping” só por volta das onze horas e decidi dar um passeio pela
região, através das fantásticas estradas de montanha por entre a floresta. Fui
visitar uma velha cidade mineira, onde a simpática mulher do centro de
informações, quando lhe disse que era português, me contou que fazia parte do
grupo que, em Melbourne, contestou a ocupação indonésia de Timor. Organizavam
manifestações e eram muito ativas. Disse-me que todas as mulheres do grupo, que
na altura teriam vinte e poucos anos, estavam fascinadas com o Xanana Gusmão.
“Ele a lutar no mato”, dizia-me ela com um ar encantado. “E casou com uma
australiana”, acrescentou.
Da parte da tarde fiz um corta mato por uma estrada de terra através de
campos verdes, numa paisagem que podia ser austríaca, para ir ver o lago
Eacham, que se formou numa cratera de vulcão e onde bastante gente aproveita
para dar uns mergulhos, mesmo com este tempo chuvoso, pois a água é morna.
Instalei-me num pequeno “camping” muito giro por ter muitas árvores e ser
inclinado até um lago em baixo.
Junto a esse lago estava montada uma tenda grande em lona verde tropa com
duas cadeiras de pano à porta, deixadas à chuva, que parecia de um explorador
africano. Encontrei-me com a miúda que a ocupava quando preparávamos os nossos
jantares na cozinha do “camping”. Uma americana, divertida, que ficou fascinada
quando lhe disse que tinha vindo de moto de Portugal. “that’s cool”.
Estava ali a viver sozinha há um mês, a fazer um estudo para a Universidade
sobre uns lagartos que há junto ao lago.
A noite prometia chuva e frio e a velhota dona do “camping”, muito
simpática, veio oferecer-nos cobertores e almofadas.
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