18 de maio de 2019

Guiné Bissau 2



Quando cheguei à esquadra da polícia estava lá um só guarda.
- Sim, nós sabemos que vem aqui fazer o seu visto e já avisei a senhora que trata desse assunto para cá vir ter.
Mas como o rapaz que fazia a minha escolta não havia maneira de chegar decidi procurar Hotel onde ficar. Depois de reservar quarto regressei ao posto.
- Estamos em contacto telefónico com ele. A carrinha em que vinha avariou no caminho, os passageiros iam ficar a dormir na estrada mas da fronteira mandaram uma moto para o recolher e trazer aqui.
Eram oito da noite quando a senhora dos vistos chegou. Passada meia hora lá aparecia o rapaz da escolta, a pé.
Entrámos para o escritório, ele passou o Passaporte para as mãos da senhora e ela começou a procurar umas chaves na carteira.
- Esqueci-me das chaves da gaveta dos carimbos em casa. Desculpe. Temos que tratar disto amanhã de manhã. A que horas quer cá vir?
- Ás oito.
- Está bem. Cá estarei às oito. 
Já tinha saído comprar uma água numa mercearia ao lado quando o rapaz veio ter comigo.
- Se não se importa volte lá à delegacia.
- O que se passa? perguntei à senhora.
- É que o visto pode pagar amanhã, quando lhe entregarmos o passaporte mas precisávamos que pagasse o dinheiro da escolta, que são 10.000 Francos (cerca de 15 Euros) pois é com esse dinheiro que o rapaz vai jantar, dormir e regressar amanhã de manhã à fronteira. 
Na manhã seguinte cheguei à delegação às nove. Como previra a senhora dos vistos acabara de chegar.
Com visto no Passaporte parti para Bissau. Na Guiné sentimo-nos em Portugal. O país, tal como as restantes antigas colónias, mantém uma ligação forte conosco, não só sentimental como económica. Nos restaurantes temos cerveja Super Bock, ao pequeno almoço pacotes de manteiga Mimosa e até os postos de gasolina são nacionais e o produto de qualidade, ao contrário da gasolina vendida na Guiné Conakry, que fazia o motor da Crosstourer queixar-se, com um “grilar” acentuado quando em esforço.
As pessoas também são simpáticas e recebem-nos como fazendo parte da casa.
Comecei por passar na Embaixada portuguesa para onde me haviam enviado peças da moto. Nunca vira tanta gente à porta de uma embaixada, com o Consul rodeado de resmas de passaportes acompanhados de pedidos de visto. Não há duvida que continua a haver uma ligação forte entre Portugal e a Guiné. 
A capital é relativamente calma, sem grandes filas de transito. Recomendaram-me um Hotel simpático, com electricidade 24 horas e internet.
Na manhã seguinte à chegada fui a uma oficina de carros para mudar os rolamentos da suspensão de traz e roda da frente da Crosstourer.
Com dificuldade em encontrar o local, por não ter nome de rua, parei junto a um quartel que vim a saber ser da Policia de Intervenção Rápida. Perguntei ao polícia, fardado e armado, que estava à porta o caminho para a oficina e ele sugeriu acompanhar-me à pendura na moto para me indicar o local, se eu o deixasse de volta no seu posto. Assim foi. Uma situação inimaginável em qualquer país fora de África.
A oficina tinha condições muito rudimentares, com chão em terra, mas tanto patrão como empregados não podiam ter sido mais simpáticos e colaborantes.
Depois da reparação fui almoçar a um restaurante italiano único, que tinha uma pasta de fabrico próprio ao mais alto nível italiano. Fantástico.

Gostei muito da Guiné Bissau e das suas gentes.

1 comentário:

  1. Olá Chico. Muito bom teres ficado com boa impressão das gentes da Guiné. Sinal de que os portugueses deixaram marcas positivas nessa terra. abraço!

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