A estrada que vai de La Paz até Uyuni, atravessando o deserto tem muitas
vezes um tempo estranho, certamente pela influencia da mistura das montanhas
com o deserto. Por vezes chove com força, outras faz sol mas, quase sempre
ventos fortes fazem levantar enormes tempestades de areia que atravessam a
estrada e deixam a visibilidade quase a zero.
Felizmente apanhei pouca chuva e a maior tempestade de areia que atravessei
não me obrigou a parar, como muitas vezes acontece.
Como já saí tarde de La Paz acabei por ficar na cidade de Challapata. Parei
a moto à porta do Hotel para mais tarde a ir guardar num parque próximo mas,
quando saí, um casal de vendedores ambulantes tinham aproveitado a moto para
nela pendurarem a roupa que vendiam, transformando-a em montra. Não queria
acreditar no que via, a moto tapada com roupa em exposição. Cena divertida.
Na manhã seguinte, ao chegar à vila de Uyuni, que hoje em dia vive dos
turistas que visitam o Salar, estava a dar uma volta pela cidade à procura de
um Hotel onde me instalar ou um Restaurante onde almoçar quando ouvi uma voz
chamar de um passeio. Quem havia de ser? O Indiano, claro, que afinal, a pedido
da Iraniana, tinha vindo mais cedo para Uyuni embora tivesse prestes a
regressar a La Paz de autocarro para buscar o seu visto para entrar na
Argentina. Estava a comprar óleo para fazer a revisão às duas motos.
Disse-me que estavam num simpático Hostal onde havia lugar para guardar as
motos e segui-o até lá. Instalei-me e fui almoçar, que estava cheio de fome.
Quando regressei juntou-se ali um grupo na galhofa enquanto o Indiano fazia a
revisão à moto, ao surgir um velho e animado Argentino que também viajava de
moto e um Australiano que atravessava a America do Sul de bicicleta. A Iraniana
estava com um kit de tricot na mão e pedi-lhe para que fizesse um pouco junto à
moto para eu a filmar enquanto o Argentino, animadíssimo pegava no reservado
Indiano e com ele se punha a dançar Tango. Foi um paródia.
Mais tarde fui procurar uma agencia das muitas que organizam travessias do
Salar em Jipe que aceitasse, por um valor razoável, que os acompanhasse na moto
e tratassem das minhas refeições pois o Salar é tão extenso que seria quase
impossível não me perder se o tentasse atravessar sozinho. A maioria dos
motards, como fez o Indiano e a Iraniana ou o Argentino preferem apenas rodar
um pouco no Salar para fazerem umas fotografias e vídeos e regressam a Uyuni,
seguindo depois por estrada alcatroada, mas eu estava com aquela ideia de o
atravessar de moto, sabendo que do outro lado havia uma ligação à fronteira com
o Chile. Só não fazia ideia é que essa ligação de uns 150 Km, era toda em
estradas de terra, ou puro deserto de terra sem estrada definida, com pontos em
que havia muita acumulação de areia solta.
Os da primeira companhia que visitei tinham um ar simpático e começaram por
me perguntar quanto eu quereria pagar, o que me pareceu um bom princípio.
Falei-lhe em cem a cento e cinquenta Bolivianos. Ele fez as contas
dele e disse que cobraria 200 Bolivianos
mas que incluiria não só o almoço e jantar do primeiro dia, como o Hotel dessa
noite e pequeno almoço do dia seguinte.
- Pense no assunto e diga-me amanhã de manhã, antes de partirmos.
- Já pensei. Aceito
O que praí vem. Saudades do Dakar?
ResponderEliminarBoa viagem e beijinhos, Ana
Sim. Ainda voltaria ao Dakar. Beijinhos
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