10 de janeiro de 2016

Mount Gambier



A chuva passou por uma meia hora e pude desarmar a tenda e arrumar as coisas para continuar a percorrer a Great Ocean Road mas o dia nunca se pôs bom. Não chovia muito mas levantou-se uma ventania enorme. A parte final da estrada apanha uma zona de grandes rectas em campo aberto e aí via-me aflito para manter a moto na faixa de rodagem com as rabanadas de vento que apanhava. Por vezes tinha mesmo que reduzir a velocidade para 90/100.
Ao princípio da tarde cheguei a Mount Gambier e decidi ficar por ali. As ultimas horas a apanhar aquela ventania tinham-me cansado.
A cidade tem três lagos que se formaram em extintas crateras de vulcão. A lava seca torna-se impermeável e formam-se estes lagos com a água da chuva. Um deles era espetacular porque, apenas durante dois ou três meses por ano, fica de uma cor azul turquesa linda, como estava agora, sendo cinzento o resto do ano.
Instalei-me num pequeno “camping” existente no meio da cidade. Ao meu lado estava um casal de franceses, muito simpático, nos seus cinquentas, que estava a viajar de bicicleta através da Australia. Conversámos bastante essa noite e na manhã seguinte, antes de partirem.
O dia tinha nascido bom e arranquei para a ultima etapa, que me levaria a Adelaide, já com sol e calor.
No caminho atraiu-me uma fila de uns vinte velhos camiões, dos anos 30 a 60, cobertos de ferrugem, alinhados lado a lado na entrada de uma propriedade. Fui espreitar. Um velho de chapéu à cowboy tinha montado ali a réplica de uma cidade antiga com casas e móveis que foi comprando pelo país, a maioria da primeira metade do século passado. Com letreiros da época, velhos tratores, peças diversas, montou várias lojas, oficinas, escola, sede de bombeiros, tudo como se estivéssemos em 1930 ou 40. Ficou sensacional. Recebe as entradas de turistas e por vezes aluga a cidade para filmes de época. O velho era muito simpático, ofereceu-me um chá e quis ouvir as minhas histórias quando lhe disse de onde vinha.
Quando me propus arrancar, para chegar cedo a Adelaide sugeriu que nos voltássemos a encontrar no dia seguinte numa concentração de motos que havia a 60 Km de Adelaide. Aceitei a proposta. Não tinha visto muitas motos pela Australia e fiquei com curiosidade quando me disse que estariam milhares de motos na concentração.

1 comentário:

  1. Caro Francisco

    Fui colega do João Posser. Andei pelo Japão em 1994 e em 2003... Só visitei Honshu e Shikoku. Guardo as melhores recordações, quer do País, quer do povo japonês, que, em tempos de paz, deve ser dos mais cordiais e educados do Mundo. Adoraria estar aí consigo a percorrer a ilha de Kyushu, também de moto! Só posso desejar ´´ganbatte kudasai`` (muita sorte). Abraço, João Parente

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